Os Estados Unidos não planejam ajustar a postura sobre ataques nucleares em resposta às mudanças na doutrina nuclear da Rússia, informou a Casa Branca nesta terça-feira, 19. O anúncio ocorre horas após Moscou atualizar seus parâmetros, de forma a reduzir os limites para um ataque atômico após agressões ao território russo, depois de uma série de investidas ucranianas com mísseis ATACMS, fabricados nos EUA, ao país.
“Como dissemos no início deste mês, não ficamos surpresos com o anúncio da Rússia de que atualizaria sua doutrina nuclear; a Rússia vinha sinalizando sua intenção de atualizar sua doutrina há várias semanas”, disse o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca em comunicado. “Não observando nenhuma mudança na postura nuclear da Rússia, não vemos qualquer razão para ajustar nossa própria postura ou doutrina nuclear em resposta às declarações da Rússia hoje”.
O texto também alertou sobre a escalada significativa da guerra, iniciada em fevereiro de 2022, a partir do envio de tropas da Coreia do Norte para impulsionar o lado russo no campo de batalha, especialmente na região de Kursk, onde a Ucrânia lançou uma operação surpresa em agosto deste ano e tomou quilômetros do território da Rússia.
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Mudanças na Rússia
A mudança no posicionamento do Kremlin sobre ataques nucleares acontece após frequentes advertências do presidente russo, Vladimir Putin, sobre como a permissão de que a Ucrânia utilize armamentos de países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra a Rússia levaria a um agravamento do conflito.
“[A Otan] tem de compreender que também temos armas. Armas que podem derrotá-la no seu próprio território. Tudo isto é muito perigoso porque poderia, na verdade, desencadear o uso de armas nucleares. Eles não entendem isso?”, questionou Putin em fevereiro.
Em declarações anteriores, Putin disse que consideraria o sinal verde para o uso dos dispositivos como um envolvimento direto de outros países na guerra. Analistas à agência de notícias Reuters que a maior mudança está a possível resposta nuclear russa a um ataque convencional ao seu território ou à aliada Belarus que “criasse uma ameaça crítica à sua soberania e (ou) à sua integridade territorial”.