EUA: Grupo de republicanos e democratas forma novo partido para moderados
A legenda, chamada 'Forward' foi criada pelo ex-presidenciável Andrew Yang, que rompeu com o Partido Democrata, e outros dois republicanos

Nos Estados Unidos, um grupo de ex-membros do Partido Republicano e do Partido Democrata decidiu formar uma nova legenda chamado “Forward” (“Para a Frente”, em tradução livre), em uma tentativa de apelar ao que eles chamam de “uma maioria moderada e de bom senso”.
“O extremismo político está destruindo nossa nação, e os dois principais partidos não conseguiram remediar a crise”, escreveram os políticos David Jolly, Christine Todd Whitman e Andrew Yang em um artigo de opinião no jornal The Washington Post, publicado na quarta-feira 27.
“Os partidos ultrapassados de hoje falharam ao atender às margens. Como resultado, a maioria dos americanos sente que não está representada.”
Jolly é um ex-congressista republicano da Flórida. Whitman, um ex-governador republicano de Nova Jersey. Yang é um ex-candidato presidencial democrata e também já foi candidato a prefeito de Nova York. Os três vão fundir suas organizações políticas no novo partido, cujo lançamento foi divulgado primeiro pela agência de notícias Reuters.
O grupo cita questões como armas, mudanças climáticas e aborto como algumas das quais poderiam se beneficiar de uma abordagem moderada.
O partido Forward defenderá bandeiras como o voto por classificação, ou RCV, na sigla em inglês. Neste sistema, ao invés de votar em apenas um candidato, eleitores classificam os concorrentes na ordem em que preferem. Se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos do primeiro lugar, o menos votado é eliminado, e seus votos são dados aos candidatos que ficaram em segundo lugar.
A nova legenda também defende primárias abertas – sem a necessidade dos americanos registrarem-se como eleitores do partido X ou Y –, o fim do gerrymandering – processo de desenho dos distritos eleitorais em cada estado com base nas alterações demográficas – e a proteção nacional dos direitos de voto.
“62% dos americanos agora querem um terceiro partido, isso é um recorde, porque eles podem ver que nossos líderes não estão conseguindo governar”, disse Yang, em entrevista à emissora americana CNN na quinta-feira 28. “A maioria dos americanos realmente concorda em questões polarizantes. As questões mais divisivas do dia, como aborto ou armas de fogo, há uma posição de coalizão de bom senso sobre essas e praticamente todas as outras questões sob o sol.”
O Forward está planejando uma convenção nacional no ano que vem e já deve lançar campanhas em 2024, de acordo com o artigo no Post.
O partido disse em um comunicado que lançaria “uma turnê nacional de construção para ouvir os eleitores e começar a preparar as bases para o registro e o acesso às urnas expandido estado por estado, contando com a rede nacional combinada das três organizações [de cada fundador].”
O objetivo é obter reconhecimento legal “em 15 estados até o final de 2022, o dobro desse número em 2023, e em quase todos os estados dos EUA até o final de 2024”.
O Forward não vai ter candidatos próprios nas eleições de meio de mandato deste ano, mas “apoiará candidatos selecionados em novembro que defendem nossa democracia, mesmo que venham de fora do novo partido”, de acordo com o comunicado à imprensa.
Jolly, Whitman e Yang reconheceram a clara falta de sucesso que novos partidos tiveram no país anteriormente, escrevendo em seu editorial: “A maioria dos terceiros [partidos] na história dos Estados Unidos não conseguiu decolar, ou porque eram ideologicamente muito estreitos ou a população estava desinteressada”.
Mas eles disseram que “os eleitores agora estão pedindo um novo partido mais do que nunca”, citando uma pesquisa da Gallup do ano passado.
“Americanos de todos os matizes – democratas, republicanos e independentes – são convidados a fazer parte do processo, sem abandonar suas filiações políticas existentes, juntando-se a nós para discutir a construção de um lar otimista e inclusivo para nossa maioria politicamente sem-teto”, Jolly, Whitman e Yang escreveram.
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“Estamos em um momento diferente”, disse Whitman, em entrevista à CNN na quinta-feira. “50% do povo americano diz que é registrado como independente, as pessoas estão cansadas do que estão vendo em Washington, frustradas porque nada de importante está sendo feito. Temos grandes problemas e queremos vê-los resolvidos”, completou.
Alguns candidatos independentes ganharam atenção nacional em suas disputas recentes. Em Utah, Evan McMullin, que concorreu à presidência em 2016 como um conservador anti-Trump, está desafiando o senador republicano Mike Lee e tem o apoio do Partido Democrata estadual.
No Missouri, John Wood, que trabalhou no comitê seleto da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos, está concorrendo como uma “alternativa de bom senso” para o Senado. E no Oregon, a ex-senadora estadual Betsy Johnson, que deixou o Partido Democrata no ano passado, é uma das principais candidatas na disputa aberta para governador.