EUA dizem que Hamas teria pedido mudanças em acordo de cessar-fogo
Membro do grupo palestino concordou com trégua na terça-feira, mas acrescentou, porém, que cabia a Washington garantir que Israel a cumprisse
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira, 12, que o Hamas propôs “inúmeras mudanças” ao plano de cessar-fogo em Gaza aprovado pelas Nações Unidas e apoiado pelo governo norte-americano. De acordo com ele, alguns dos pedidos eram “viáveis” e outros não, mas que os EUA, Catar e Egito tentariam selar o acordo durante uma nova rodada de negociações.
Blinken, que é um dos mediadores, viajou na segunda-feira 10 a Doha para participar de uma rodada de conversas com o objetivo de aprovar a proposta apresentada pelos EUA sobre o fim de guerra em Gaza. O anúncio de que o Hamas teria pedido mudanças no acordo acontece um dia depois de Sami Abu Zuhri, membro do alto escalão do grupo militante palestino, ter concordado com a resolução de trégua, afirmando que já estava pronto para negociar os detalhes, mas acrescentou, porém, que cabia a Washington garantir que Israel a cumprisse.
“O governo dos Estados Unidos está enfrentando um teste real para cumprir seus compromissos em obrigar a ocupação (como o Hamas chama Israel) a encerrar imediatamente a guerra em uma implementação da resolução do Conselho de Segurança da ONU”, disse Abu Zuhri à Reuters.
Durante uma entrevista coletiva com o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, Blinken afirmou que as partes estavam debatendo as mudanças solicitadas, que não foram divulgadas. O secretário de Estado americano afirmou que tenta, junto com os outros mediadores, “preencher as lacunas”.
Resolução aprovada
Aprovada na segunda-feira pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, a proposta de cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas também inclui a libertação de reféns palestinos. A resolução, apresentada pelos Estados Unidos, foi aprovada por 14 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção, feita pela Rússia.
O acordo é previsto para ter três fases, sendo a primeira com as seguinte demandas: cessar-fogo absoluto por seis semanas, retirada das forças Israel das áreas habitadas por civis na Faixa de Gaza e libertação dos reféns sequestrados durante o ataque de 7 de outubro. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou acreditar que o acordo de cessar-fogo levou à libertação dos reféns israelenses que estão em Gaza pode dar um fim a guerra que já matou mais de 37 mil palestinos.
A proposta apresentada pelo governo dos EUA teve endosso do Brasil e de outros 14 países em uma declaração conjunta publicada na semana passada. “É hora de a guerra acabar e esse acordo é o ponto de partida necessário”, diz o texto, que também foi assinado pelos líderes de Alemanha, Áustria, Bulgária, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Espanha, França, Polônia, Portugal, Reino Unido, Romênia, Sérvia e Tailândia.
Em nota, o Itamaraty afirmou que a declaração está em linha com a posição já manifestada pelo Brasil, de reiterar que “Israel e Hamas estão obrigados, por determinação da Corte Internacional de Justiça, a cessar as hostilidades em Rafah, a libertar incondicional e imediatamente os reféns e a permitir ajuda humanitária aos civis em Gaza afetados pelo conflito”.