A pouco mais de dois meses do fim de seu mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convocou a retirada de 2.500 soldados estacionados no Afeganistão e no Iraque, o equivalente a um terço da tropa americana nesses dois países, informou o Departamento de Defesa nesta terça-feira, 17.
O número de soldados americanos no Afeganistão deverá cair de 4.500 para 2.500, e no Iraque de 3.000 para 2.500. Segundo as autoridades americanas, a retirada desses militares deve se dar por completa até meados de janeiro.
A redução da presença militar americana pelo mundo foi uma das principais promessas de campanha de Trump em 2016. Quando o republicano chegou à Casa Branca, no ano seguinte, havia pouco mais de 200.000 soldados americanos no exterior, segundo estimativa do Pentágono. Desde então, o número caiu para cerca de 170.000.
Em outubro deste ano, o presidente publicou no Twitter que “devemos ter em casa o pequeno número restante de nossos CORAJOSOS Homens e Mulheres servindo no Afeganistão até o Natal!”
We should have the small remaining number of our BRAVE Men and Women serving in Afghanistan home by Christmas!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 7, 2020
Segundo a emissora de rádio pública americana NPR, a decisão do presidente de retirar esses 2.500 soldados do Afeganistão e do Iraque foi contrariada pelos principais conselheiros militares da Casa Branca.
Além deles, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, criticou a decisão de Trump.
“O preço por partir muito cedo ou de forma descoordenada pode ser muito alto”, disse o norueguês nesta terça. “O Afeganistão corre o risco de se tornar mais uma vez uma plataforma para terroristas internacionais planejarem e organizarem ataques em nossa terra natal. E o ISIS poderia reconstruir no Afeganistão o califado terrorista que perdeu na Síria e no Iraque”, desenvolveu Stolteberg.
O Afeganistão, em especial, se encontra em uma situação bem delicada devido à estagnação das negociações de paz entre o governo afegão e o grupo terrorista Talibã e a ascensão de 50% no número de atentados e ataques violentos no país nos últimos meses, segundo a NPR. A OTAN conta atualmente com uma força de 12.000 soldados no Afeganistão.
Nesta terça-feira, diversos projéteis foram disparados contra a embaixada americana em Bagdá, rompendo a trégua respeitada há um mês por grupos iraquianos pró-iranianos, segundo a agência AFP, citando fontes dos serviços da segurança.
Jornalistas da AFP ouviram várias explosões, seguidas do som de outras detonações e de clarões avermelhados no céu, o que indica que o sistema de defesa americano C-RAM foi rapidamente ativado na sede diplomática, situada na Zona Verde de Bagdá, a mais segura da capital iraquiana.
Grupos não identificados, vinculados a movimentos pró-iranianos, reivindicaram vários ataques recentes e asseguraram que exigem a saída dos “ocupantes” americanos, baseando-se em uma votação no Parlamento iraquiano aprovada em janeiro.