EUA anunciam plano audacioso para acabar com a fome até 2030
Eliminar a fome é um objetivo perseguido por chefes de Estado do país já há cinco décadas, mas objetivo bate em problemas econômicos

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira, 28, que pretende acabar com fome no país até o final da década. O plano foi lançado pelo presidente Joe Biden durante a Conferência da Casa Branca sobre Fome, Nutrição e Saúde que reuniu centenas de formuladores de políticas, ativistas da área da saúde, agricultores e líderes empresariais em Washington.
A cúpula tem o objetivo de expandir o Programa de Assistência Nutricional Suplementar, introduzindo a cobertura de refeições ao Medicare, sistema de saúde administrado pelo governo. Outras propostas buscam mover os rótulos para a frente das embalagens de alimentos, incentivar a indústria alimentícia a reduzir o sódio e o açúcar e expandir a pesquisa nutricional.
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“Quando as famílias não podem pagar por opções de alimentos saudáveis, é mais difícil para as crianças terem sucesso na escola e isso pode levar a problemas de saúde mental e física para toda a família”, disse Biden em comunicado que acompanha o plano da Casa Branca.
O relatório observa ainda que as doenças relacionadas à dieta afetam desproporcionalmente a população negra e moradores de áreas rurais.
O encontro é o primeiro desse tipo desde 1969, quando o presidente Richard M. Nixon organizou uma reunião que visava “acabar com a fome na América para sempre”.
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Eliminar a fome é um objetivo perseguido por chefes de Estado do país já há cinco décadas. O plano atual, no entanto, ocorre em um momento frágil para a economia dos EUA, já que o aumento dos preços dos alimentos por conta da guerra na Ucrânia elevaram a insegurança alimentar a níveis não vistos desde o início da pandemia.
As filas de bancos alimentos, que organizam doações à população mais pobre, também estão crescendo em meio temores de uma recessão que poderia aumentar o desemprego no país.
O líder norte-americano também enfrenta a dificuldade dessas medidas serem aprovadas pelo Congresso. Muitas das diretrizes do programa de Biden dependem da iniciativa da indústria de alimentos, que geralmente resiste a novas regulamentações.
Apesar do cenário desfavorável, autoridades do governo disseram antes da conferência que várias empresas anunciariam compromissos para melhorar a segurança alimentar no país. A Kroger, empresa que opera diversos supermercados nos EUA, investiu US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhões) na campanha “comida é remédio” em parceria com a American Heart Association, organização sem fins lucrativos que visa reduzir doenças cardíacas.
A associação nacional de restaurantes trabalhará com redes de fast food para garantir que as refeições das crianças contenham apenas água, leite ou suco. E a Rethink Food, uma organização sem fins lucrativos, trabalhará com restaurantes para destinar alimentos não utilizados para comunidades que enfrentam insegurança alimentar.
Uma alimentação mais saudável também foi prioridade do governo de Barack Obama, que lançou políticas que reformularam a merenda escolar. No entanto, o esforço foi descontinuado após a chegada de Donald Trump na Casa Branca, em 2017.
De acordo com o Banco Mundial, quase 193 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentaram insegurança alimentar no ano passado.
Um relatório do Departamento de Agricultura deste mês descobriu que cerca de 90% das famílias dos EUA tinham segurança alimentar no ano passado, enquanto cerca de 10%, ou 13,5 milhões, tiveram dificuldade em fornecer comida suficiente para seus familiares.