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ETA não ficará impune, diz governo espanhol

Ao final de 50 anos de violência, que resultou na morte de 850 pessoas, o grupo separatista basco ETA anuncia oficialmente sua dissolução

Por Da Redação
3 Maio 2018, 18h08
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  • O governo da Espanha afirmou nesta quinta-feira (3) que o grupo separatista basco ETA não encontrará “nenhum resquício para a impunidade”, apesar das suas sucessivas mensagens de dissolução. O grupo terrorista divulgou  hoje um comunicado e um vídeo no qual anuncia “o final da sua trajetória” e o “desmantelamento” total “do conjunto das suas estruturas”.

    Depois de quase 60 anos de existência, com mais de 850 mortes em suas costas, o ETA abandonou a violência sem ter  alcançado nenhum objetivo político. Um deles seria a mudança do sistema de prisão dos quase 300 terroristas que cumprem penas em presídios da Espanha e da França.

    Na sua última mensagem, publicada pelo jornal Berria e pelo portal Naiz.info, a organização terrorista afirma que foi ratificada a proposta de sua direção de “dar por concluídos o ciclo histórico e a função da organização” e, por isso, “dá por concluída toda sua atividade política”.

    O comunicado é complementado pelo vídeo, no qual se escuta a voz dos militantes históricos Josu Urrutikoetxea e Marisol Iparraguirre lendo a declaração em euskera (língua vernácula basca) e em castelhano.

    “O ETA pode anunciar seu desaparecimento, mas não desaparecem seus crimes nem a ação da Justiça para persegui-los e castigá-los”, ressaltou o presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy, que deu por liquidada qualquer possibilidade de uma mudança na política penitenciária para propiciar uma aproximação dos presos do grupo terrorista das prisões do País Basco.

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    “A única política de futuro em matéria antiterrorista, como sempre, é aplicar a lei”, acrescentou, em resposta  a declarações do presidente do governo regional basco, Íñigo Urkullu, sobre ser Rajoy “sensível a uma mudança na política penitenciária”.

    A velha reivindicação do ETA e seu entorno de transferir seus militantes presos para as prisões do País Basco esteve presente hoje entre as várias reações à dissolução do grupo terrorista.

    O secretário de Política Federal do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e ex-chefe do Executivo basco, Patxi López, defendeu a transferência desses presos “sem calendário e com discrição”, embora tenha esclarecido que seu partido não fará nenhuma solicitação ao governo espanhol nesse sentido.

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    Para as vítimas do terrorismo, o anúncio de dissolução do ETA é a constatação de sua derrota, embora o grupo não a tenha assumido nem tenha se responsabilizado por sua atividade criminosa.

    “Ainda existem mais de 300 crimes do ETA não esclarecidos, além de vítimas desaparecidas. O grupo terrorista não pode encontrar nenhuma via para a impunidade dos seus crimes. Nada lhes devemos, nada lhes daremos”, afirmou a Fundação Vítimas do Terrorismo (FVT), em comunicado.

    O presidente da Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT), Alfonso Sánchez, qualificou de “inédita” e “absurda” a mensagem da organização terrorista.”Isso é uma cortina de fumaça. No final, os criminosos assassinos ficam como os bons meninos, com atos de celebração, sem que o governo faça nada”, denunciou.

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    A seção espanhola da Anistia Internacional (AI) também avaliou o desaparecimento do ETA como “um marco que fecha um período negro” e pediu que se leve adiante uma agenda comum de direitos humanos no País Basco.

    Além disso, reivindicou informação detalhada e separada de todos os abusos cometidos pela organização terrorista, já que muitas das vítimas ainda não foram identificadas ou indenizadas.

    O passo dado hoje pelo ETA fora antecipado em carta de 16 de abril. Amanhã, em Cambo (sul da França), haverá um ato  um ato para marcar o final do grupo armado, com a presença de representantes de várias entidades sociais e políticas e de autoridades francesas e bascas.

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    O ETA nasceu no final dos anos 1950 com o objetivo de promover a cultura basca. Uma década depois, deu uma guinada e tornou-se um grupo paramilitar com finalidade separatista. Seu primeiro crime reconhecido foi o assassinato de um guarda civil, em 1968.

    Até outubro de 2011 quando anunciou a cessação da atividade armada, o ETA foi responsável pela morte de mais de 850 pessoas, das quais 40% civis. Também utilizou o sequestro como arma para conseguir se financiar  e aterrorizar a população, assim como a extorsão a empresários bascos.

    (Com EFE)

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