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Estudo global expõe desigualdade extrema e contradiz avanço celebrado por Lula

Relatório revela que 0,001% tem 3x mais riqueza do que 50% da humanidade e indica que diferença entre ricos e pobres no Brasil subiu entre 2014 e 2024

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 dez 2025, 09h35 • Atualizado em 10 dez 2025, 09h42
  • Um estudo global publicado nesta quarta-feira, 10, indicou que a desigualdade social atingiu níveis tão extremos que requerem medidas urgentes. De acordo com o World Inequality Report 2026, 0,001% da população mundial, menos de 60 mil pessoas, concentram três vezes mais riqueza do que a metade mais pobre da humanidade — 4,15 bilhões de pessoas. O levantamento constatou também que os 10% mais ricos ganham mais do que todos os outros 90% juntos, e que os 50% mais pobres respondem por menos de 10% do rendimento do mundo todo.

    Ainda segundo esse relatório, produzido por um grupo de 200 economistas, entre eles o francês Thomas Piketty, a desigualdade brasileira “permanece entre as mais altas do mundo”. O estudo afirma que a renda concentrada no bolso dos mais ricos aumentou de 53, em 2014, para 63, em 2024, tornando o Brasil ligeiramente mais desigual nos últimos anos. Isso contradiz uma nota técnica recém-divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que apontou que a desigualdade brasileira atingiu o menor nível em 30 anos em 2024.

    A publicação do Ipea foi celebrada por autoridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a receber no Palácio do Planalto a presidente do instituto, Luciana Servo. Entre economistas, os dados sobre a redução da pobreza são considerados corretos, mas o anúncio de que a desigualdade estaria em uma baixa histórica é alvo de questionamentos. Especialistas indicam que a metodologia do Ipea não é tão eficaz em calcular a riqueza dos mais ricos.

    Segundo o World Inequality Report 2026, os 10% mais ricos brasileiros detêm cerca de 59% dos rendimentos nacionais (ganhos com trabalho e investimentos), enquanto os 50% mais pobres recebem apenas 9%.

    “A concentração da riqueza (valor dos ativos individuais) é ainda mais acentuada: os 10% mais ricos detêm 70% da riqueza total e o 1% mais rico, mais de um terço”, informa o texto. O rendimento médio per capita ronda os 12.500 euros por paridade de poder de compra (PPC), cerca de R$ 80 mil, e a riqueza média, 46 mil euros (PPC), mais de R$ 290 mil.

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    A participação feminina no mercado de trabalho se manteve estável nos 37,4%, apresentando pouca variação. “De um modo geral, a desigualdade no Brasil continua enraizada nas dimensões de rendimento, riqueza e gênero”, conclui o relatório.

    Outras descobertas

    • A riqueza (valor dos ativos das pessoas) tem concentração mais alta do que o rendimento (ganhos com trabalho e investimentos): os 10% mais ricos da população mundial detém 75% da riqueza; a metade mais pobre, apenas 2%.7
    • Em quase todas as regiões, o 1% no topo da pirâmide é mais rico do que os 90% mais pobres juntos.
    • A riqueza dos 0,001% mais ricos do mundo cresceu de 4% para 6% nos últimos 30 anos. A riqueza dos multimilionários aumentou cerca de 8% ao ano desde a década de 1990 – quase o dobro da taxa dos 50% mais pobres.
    • Desigualdade de gênero: disparidade salarial entre homens e mulheres “persiste em todas as regiões”, enquanto elas ganham, em média, apenas 61% do que eles por hora trabalhada.
    • O estudo revelou que a “desigualdade de oportunidades” alimenta a “desigualdade de resultados”: gastos em educação por criança na Europa e na América do Norte, por exemplo, são mais de 40 vezes superiores aos da África Subsaariana — uma diferença cerca de três vezes superior ao PIB per capita.

    Ação urgente

    Produzido a cada quatro anos em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o relatório utiliza a maior base de dados de acesso aberto sobre a desigualdade econômica global e é considerado o principal termômetro do debate internacional sobre o tema.

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    Os autores do relatório afirmaram que, embora a desigualdade é “há muito tempo uma característica definidora da economia global”, em 2025 atingiu “níveis que exigem atenção urgente”.

    “O resultado é um mundo em que uma pequena minoria detém um poder financeiro sem precedentes, enquanto bilhões permanecem excluídos até da estabilidade econômica básica”, afirmou o estudo. Reduzir a desigualdade “não é apenas uma questão de justiça, mas essencial para a resiliência das economias, a estabilidade das democracias e a viabilidade do nosso planeta”, acrescentou, ressaltando que as divisões extremas não são sustentáveis ​​​​para as sociedades ou ecossistemas.

    Num prefácio, o economista vencedor do Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, reiterou o apelo por um painel internacional comparável ao IPCC, responsável pelo setor de mudanças climáticas nas Nações Unidas, para “monitorar a desigualdade em todo o mundo e fornecer recomendações objetivas e baseadas em evidências”.

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    Segundo o documento, a desigualdade também é alimentada por um sistema financeiro global “manipulado a favor dos países ricos”, onde economias avançadas conseguem empréstimos a baixo custo e investem no exterior com retornos mais elevados. Cerca de 1% do PIB global flui anualmente dos países mais pobres para os mais ricos por meio de transferências líquidas associadas a rendimentos elevados e juros baixos.

    O estudo defende um imposto global de 3% sobre menos de 100 mil multimilionários e bilionários. A taxa arrecadaria US$ 750 bilhões de dólares por ano – equivalente ao orçamento inteiro para o setor da educação em países pobres e em desenvolvimento. O relatório observa que, em muitos países, os ultrarricos escapam à tributação.

    O relatório destacou ainda como a desigualdade social está relacionada às mudanças climáticas e suas consequências. “Indivíduos ricos alimentam a crise climática através dos seus investimentos, ainda mais do que através do seu consumo e estilo de vida”, afirmou. Os dados globais mostram que o 50% mais pobre da população é responsável por apenas 3% das emissões de carbono associadas à propriedade de capital privado. Já os 10% mais ricos são responsáveis ​​por cerca de 77% das emissões.

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    “Aqueles que emitem menos são também os mais expostos aos impactos climáticos. Aqueles que emitem mais estão mais protegidos contra os impactos das alterações climáticas”, frisou o World Inequality Report.

    O relatório conclui que reduzir a desigualdade é dificultado por “eleitorados fragmentados, sub-representação dos trabalhadores e a influência desproporcional da riqueza”. “As ferramentas existem. O desafio é a vontade política”, finaliza.

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