Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Estudo da ONU aponta influência humana em eventos climáticos extremos

De acordo com a pesquisa, o aquecimento global não pode ser explicado somente por fatores naturais, o que ficou mais evidente desde 1980

Por Da Redação 10 ago 2021, 23h49
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) traz um dos mais fortes trabalhos já produzidos pelo organismo, sobretudo por associar a influência humana aos eventos climáticos extremos, que, caracterizados com muita propriedade em alguns casos, não existiriam sem a participação humana, como é o caso das ondas de calor, das fortes chuvas e das secas. A avaliação é da professora titular aposentada do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Thelma Krug, atual.vice-presidente do IPCC e ex-diretora do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente. O estudo vai ser complementado em 2022.

    Segundo Thelma, é indiscutível a influência humana no sistema climático como um todo, e o relatório da ONU traz com muito mais robustez processos mais refinados, dados cada vez melhores, a resposta climática às emissões. “Isso fica muito bem caracterizado. É uma mensagem científica muito clara, e tenho certeza de que essas mensagens, que foram todas aprovadas por consenso na reunião do IPCC na semana passada, terão reflexo no IPCC como um todo, e esperamos que reverberem no mundo político”, disse Thelma, ao participar nesta terça-feira, 10, do webinário O Brasil e as Mudanças Climáticas: o novo relatório do IPCC, organizado pela Academia Brasileira de Ciência (ABC) e que teve transmissão pelo YouTube.

    No encontro, foram apresentadas as principais conclusões do Grupo de Trabalho I do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC sobre as bases físicas das mudanças do clima. Também participaram do evento o professor de física da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Artuxo; o pesquisador sênior do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações José Marengo e o pesquisador do Inpe Lincoln Alves, que trabalharam no ciclo do IPCC que resultou no relatório, que dará a direção científica da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), em novembro, em Glasgow, na Escócia.

    Segundo Thelma, o painel teve participação de 234 autores de 66 países e apoio de 36 editores de revisão. Eles asseguram que todos os comentários entregues pelos governos e minutas de relatórios sejam avaliados um a um para evitar que não haja nenhuma tendência nas respostas. Também foi feita uma consulta a 14 mil artigos científicos. Segundo a professora, o IPCC não elabora pesquisas, mas avalia publicações relevantes sobre o tema em todo o mundo. Antes de ser divulgada a última versão, é feita uma revisão em duas minutas do texto.

    A pesquisadora destacou o interesse dos governos em que os cientistas entendam as necessidades de cada um para facilitar a tomada de decisões, especialmente no fórum mais político,que seria a Convenção Quadro das Nações sobre a Mudança do Clima. “Os relatórios do IPCC têm tido papel importante na ponte entre a ciência e a política, desde o relatório 1, que ajudou no estabelecimento da Convenção do Clima em 1992 na Rio 92.”

    Continua após a publicidade

    O Brasil é um dos 195 países-membros do IPCC, cuja estrutura é dividida em três grupos de trabalho. O Grupo 1, que elaborou o relatório divulgado na segunda, 9, tem foco na base da ciência física do clima; o Grupo 2, que trata dos impactos, adaptações e vulnerabilidade, apresentará um relatório em fevereiro de 2022; e o Grupo 3, que avalia a mitigação das mudanças do clima, deve divulgar seu e trabalho em março de 2022.

    “Enquanto o Grupo 2 tem a relevância de mostrar muitos impactos não só globais, mas também regionalizados, o 3 foca mais no que se pode fazer para limitar o aquecimento”, afirmou Thelma, ao ressaltar que o IPCC tem uma força-tarefa que cuida da elaboração dos manuais metodológicos para os inventários nacionais de gases de efeito estufa usados por todos os países integrantes.

    Linguagem incisiva

    O professor Paulo Artaxo destacou a linguagem mais incisiva deste relatório em relação aos trabalhos anteriores e lembrou que mudanças recentes ocorridas no clima são generalizadas e rápidas. “Nosso papel de mudança no clima é absolutamente inequívoco e sem precedentes nos últimos 6.500 anos. O relatório também coloca recados para os tomadores de decisão. O IPCC não faz política, não é responsável pela redução de emissões, mas manda mensagens científicas, e a mensagem é que, a menos que haja reduções imediatas rápidas e em grande escala nas emissões de gases de efeito estufa, limitar o aquecimento em 1,5 grau pode ser impossível.”

    Continua após a publicidade

    Artaxo destacou que essa é a voz da ciência, que coloca em uma situação quase emergencial a necessidade de redução das emissões.

    Ele acrescentou que, conforme cenários analisados, a Amazônia pode se tornar fonte de carbono para a atmosfera global, se houver uma redução muito significativa da absorção de carbono da Floresta Amazônica causada pelo aumento da temperatura e redução das precipitações.

    Aquecimento

    De acordo com o pesquisador José Marengo, o aquecimento global não pode ser explicado somente por fatores naturais, o que ficou mais evidente desde 1980.

    Continua após a publicidade

    Isso ocorre também com os eventos extremos de chuva. “Assim como a temperatura, os extremos mostram que o efeito humano é nítido, claro, e é responsável por explicar melhor as tendências observadas particularmente nos últimos 20 anos.”

    Lincoln Alves, do Inpe, que analisou características regionais no Atlas interativo do IPCC, apontou o aumento significativo de eventos extremos, seja de secas, seja de precipitações.

    “As projeções indicam que cada 0,5 grau adicional de aquecimento causa de fato aumentos claros e perceptíveis na intensidade dos eventos de precipitação, bem como nas secas que temos observado em várias regiões do país”, acrescentou.

    Com Agência Brasil

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.