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Estudo aponta que as fake news políticas cresceram 150% em dois anos

Campanhas de desinformação, principalmente em período eleitoral, se espalham pelo mundo e atingem 70 países, segundo estudo da Universidade de Oxford

Por Amanda Péchy 26 set 2019, 23h52

Nos últimos meses, vimos Hong Kong enfrentar uma grande crise política através de manifestações de rua em série. Mas enquanto milhões de pessoas marcharam contra uma lei controversa que facilitaria a extradição para a China continental e por mais democracia, o governo chinês tentou manchar a imagem dos protestos. Através das redes sociais, Pequim espalhou desinformação, retratando o movimento como um bando de criminosos que ameaçam a soberania da nação. Só que a China foi a última a chegar à lista: apenas em 2019, foram 70 países que fizeram uso inapropriado de campanhas políticas de desinformação para desacreditar a oposição. Em 2017, eram apenas 28, o que indica um crescimento de 150% em apenas dois anos, e o fenômeno se espalha ao redor do mundo inteiro.

O dado é de um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que mostra um aumento exponencial no número de nações cuja estratégia para governar passa pela divulgação de informações falsas. No Vietnã, por exemplo, cidadãos foram alistados para fazer postagens pró-governo em suas páginas pessoais de Facebook. O governo da Guatemala usou contas roubadas e hackeadas para silenciar opiniões dissidentes. O partido no comando da Etiópia contratou pessoas para influenciar, a seu favor, conversas em redes sociais.

Os pesquisadores, em sua maioria, fazem parte do Instituto de Internet Oxford – departamento multidisciplinar de ciências sociais e da computação dedicado ao estudo da informação, comunicação e tecnologia –, que já trabalhou com o Comitê de Inteligência do Senado americano nas investigações acerca da interferência russa nas eleições de 2016 nos Estados Unidos. O estudo aponta que “embora propaganda sempre tenha sido parte do discurso político, o escopo profundo e abrangente desse tipo de campanha gera preocupações críticas de interesse público”. Assistir um crescimento tão proeminente da informação falsa, ainda com a tendência de tornar-se mais grave, faz a desconfiança em relação a eleições futuras aumentar.

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Em 2020, os americanos escolherão seu novo presidente. Só que, com o histórico do uso criminoso de redes sociais em 2016 – e agora com um possível impeachment na mesa, que acirra a polarização do país –, o medo de uma nova campanha de desinformação aumenta. Entre 2013 e 2017, a Internet Research Agency, uma “fazenda de trolls” em São Petersburgo, Rússia, criou milhares de contas no Facebook, Twitter e Instagram que posavam de americanos radicais, planejando e promovendo eventos em apoio a Donald Trump e contra Hillary Clinton. De acordo com Oxford, apesar das tentativas do Facebook em combater as fake news, continua sendo a rede número um em desinformação. Campanhas organizadas de propaganda foram encontradas na plataforma em 56 dos 70 países que utilizam a estratégia.

Memes, vídeos e outros formatos de conteúdo se aproveitam dos algorítimos do Facebook para aumentar os efeitos da campanha, que explora o potencial para a viralização sem nem precisar pagar. O estudo de Oxford, além de um alerta a esse grande problema, é também um apelo à comunidade científica: “O uso de propaganda digital para influenciar o público já virou padrão. Precisamos debater sobre a natureza da política online, e usar o digital para engrandecer a democracia”, escrevem seus autores Samantha Bradshaw e Philip Howard. A desinformação já é política eleitoral garantida: a pergunta a ser feita é como contorná-la.

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