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‘Estamos na mesma página que EUA em relação ao clima’, diz Ernesto Araújo

Em coletiva promovida pelo Conselho das Américas, ministro das Relações Exteriores diz que não há diferença filosófica com o governo de Joe Biden

Por Amanda Péchy 5 mar 2021, 17h27

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que já havia defendido que as relações entre Brasil e Estados Unidos iam muito bem, afirmou nesta sexta-feira, 5, que os países estão “na mesma página” em relações a questões globais, como segurança e clima. Em evento virtual realizado pelo Conselho das Américas, o ministro voltou a dizer que a troca de governo na Casa Branca não afeta a aliança.

“Nada mudou para nós no dia 20 de janeiro”, disse Ernesto, referindo-se à data que o novo presidente, o democrata Joe Biden, substituiu Donald Trump em seu posto. “Já estávamos unidos e vamos ficar ainda mais durante o governo Biden.”

O chanceler afirmou ainda que há “grandes esperanças” para um encontro pessoal entre Jair Bolsonaro e o americano, que, segundo ele, “têm a mesma abordagem para questões fundamentais”. Os mandatários teriam trocado cartas para mapear a colaboração nas áreas ambiental, de segurança, de ciência e tecnologia e de defesa da democracia.

Anteriormente, o governo Bolsonaro havia colocado todas as fichas na aliança com Trump. Mesmo semanas após a vitória de Biden em novembro passado, o brasileiro manteve apoio às acusações infundadas do republicano de que os resultados eram fraudulentos, e foi um dos últimos líderes a cumprimentar o novo presidente (quase 40 dias atrasado). Contudo, Ernesto garantiu que construiu uma “estrutura de confiança” com os americanos.

O novo presidente americano, que já anunciou a agenda ambiental como um dos pontos centrais de seu governo, está longe de ser um aliado óbvio como foi Trump durante os dois primeiros anos de governo Bolsonaro. O democrata já disse que pretendia “reunir o mundo” caso o Brasil não protegesse a Amazônia.

Segundo Ernesto Araújo, “quase não há” desmatamento ilegal no país e o agronegócio cresce com base na tecnologia, não em novas áreas. “Há muita desinformação, não há nenhum incentivo ao desmatamento ilegal”, afirmou. Contudo, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que a prática cresceu 34% de agosto de 2019 a julho de 2020 em comparação ao mesmo período do ano anterior.

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O embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Forster, ressaltou que já foi feita uma reunião com Ernesto, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e John Kerry, enviado especial de Biden para o clima. Os três teriam discutido como combater mudanças climáticas.

“Estamos na mesma página em relação ao clima e podemos trabalhar como parceiros para implementar um acordo climático”, disse Ernesto. “Não há diferença filosófica, só diferenças de abordagem. Algumas correntes ainda querem afastar os Estados Unidos e o Brasil, mesmo sabendo da importância da aliança”, completou, afirmando que, antes de Bolsonaro, houve três décadas de negligência por parte de governos brasileiros na construção de uma relação com a potência norte-americana.

Segundo ele, a preferência pela parceria com a China levou à desindustrialização brasileira, enquanto os Estados Unidos (prioridade do governo Bolsonaro) ajudariam a transformar o país em uma “economia moderna”. “Nós pertencemos ao mundo do livre mercado, do investimento privado”, defendeu, no evento organizado pela instituição estadunidense cujo objetivo é garantir o livre comércio no continente.

O chanceler indicou que o Brasil participará da cúpula sobre o clima convocada por Biden, a ser realizada no dia 22 de abril. A meta é a de ampliar a ambição em termos de políticas de redução de desmatamento e de emissões de CO2, além de incrementar o financiamento para países em desenvolvimento.

“Achamos que podemos chegar à cúpula com algo significativo. Precisamos ver mais compromisso das nações mais ricas em termos de investimentos, compromissos financeiros. Na Amazônia, não se trata apenas de conter o desmatamento, mas de investir na região para dar emprego às milhões de pessoas que lá vivem”, afirmou Ernesto.

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O ministro também rebateu críticas de que o governo Bolsonaro não teria conquistado o suficiente na área de comércio com os parceiros americanos, afirmando que o Brasil teve diversas conquistas. “A balança pendeu para nós. Começamos uma conversa significativa sobre etanol com os Estados Unidos. Queremos um acordo forte nessa e em várias áreas, e acredito que isso é possível”, disse.

O exemplo americano, para ele, também poderia ser aplicado na segurança. “Nossos militares foram negligenciados. Há coisas que não se conseguem só com soft power“, declarou Ernesto, que apresenta a luta com o suposto “narco-socialismo” da Venezuela de Nicolás Maduro como uma das principais preocupações do governo.

Por último, o chanceler defendeu a gestão da pandemia de coronavírus e da campanha de vacinação pelo governo federal, afirmando que o Brasil se assemelha à maioria dos países europeus no ritmo de imunização, e que “é comum que haja aumento dos casos no início da campanha”.

“Os hospitais estão sob estresse, mas estão aguentando bem. Daqui duas ou três semanas, a situação já estará sob controle”, declarou.

O país registrou mais de 102.000 novos casos na quinta-feira 4, além de 1.699 novas mortes. O presidente Bolsonaro, durante a inauguração de um trecho ferroviário em São Simão, no Goiás, manteve o negacionismo.

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“Vocês não ficaram em casa. Não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”, afirmou.

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