Estados Unidos retiram as FARC da lista de terrorismo internacional
Medida ocorre cinco anos depois do acordo de paz feito entre o grupo e o governo colombiano
Os Estados Unidos retiraram nesta terça-feira, 30, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) da lista de organizações terroristas internacionais, permitindo que autoridades americanas possam trabalhar com membros do grupo enquanto eles continuam a sua transição para a vida política.
A medida, anunciada pelo Departamento de Estado, ocorre mais de cinco anos após a assinatura de um acordo de paz com o governo da Colômbia. Em 2018, o grupo participou de um descomissionamento supervisionado pela ONU da última de suas armas acessíveis.
Em comunicado nesta terça, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que a remoção da designação de “terrorista” tornaria mais fácil para o país apoiar a implementação do acordo. A mudança, no entanto, não anula nenhuma das acusações feitas pelos americanos contra ex-líderes das FARC, inclusive por narcotráfico.
Fundada em 1964, as Farc atuaram em uma era de violência política e devastadora no país sul-americano, realizando bombardeios, assassinatos e sequestros em nome da redistribuição de renda.
Em 1997, após mais de três décadas de confrontos com o governo local, os Estados Unidos designaram oficialmente as FARC como uma organização terrorista.
Já em 2017, perto de completar um ano do acordo de paz, ex-combatentes formaram o partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum. E em janeiro deste ano, o grupo mudou o nome para “Comunes” para se dissociar da imagem da guerrilha.
Na prática, a remoção da lista permite a Washington apoiar programas envolvendo ex-combatentes, como a remoção de minas terrestres e a substituição de plantações ilegais.
Além disso, a mudança também faz com que agências americanas possam trabalhar em áreas onde os soldados desmobilizados das FARC estão localizados.
Cerca de 13.000 guerrilheiros já entregaram suas armas desde a assinatura do pacto. No entanto, mais 5.000 membros se recusaram a participar do acordo e continuam a atuar em várias regiões da Colômbia. Os dois principais grupos dissidentes que se formaram a partir do original permanecem na lista de terrorismo internacional.
De acordo com o instituto de pesquisa Indepaz, além deles existem mais 90 organizações armadas em toda a Colômbia, totalizando 10.000 membros ativos.