Um importante passo para selar a paz entre os Estados Unidos e o Talibã foi dado neste sábado (29), em Doha, no Catar. O acordo assinado entre um enviado especial americano, Zalmay Khalilzad, e o líder do grupo islâmico, Abdul Ghani Baradar, prevê a retirada completa, em 14 meses, das tropas americanas e da Otan do território do Afeganistão. Os estados Unidos e o Talibã estão em confronto, em território afegão, desde 2001. A medida pode pôr fim à guerra mais longa da história americana, iniciada após os ataques de 11 de setembro, que já atravessou três presidências americanas e matou mais de 3 500 soldados, só dos Estados Unidos e da coalização.
O presidente afegã, Ashraf Ghani, que não participou das negociações entre Estados Unidos e Talibã, afirmou que alguns pontos no pacto precisarão de “considerações” e serão discutidos com o grupo islâmico. “Esperamos que o acordo leve a um cessar-fogo permanente”, declarou Ghani. A retirada das tropas americanas do Afeganistão, país empobrecido na África Central, também é uma promessa de campanha do presidente Donald Trump, que busca a reeleição em novembro.
Pelo documento histórico assinado neste sábado, além da retirada das tropas americanas e da Otan, o acordo prevê uma série de procedimentos e medidas a serem adotados nos próximos meses. Entre os mais importantes, segundo a Reuters e a BBC, estão:
– Os Estados Unidos e a coalizão se comprometem a retirar, em quatro meses (135 dias), soldados de cinco bases militares. A iniciativa reduziria a força americana em território afegão de cerca de 13 000 para 8 600 soldados.
– O governo americano também promete trabalhar “com todos os lados relevantes” para libertar prisioneiros políticos e de combate.
– Os Estados Unidos retirariam sanções de membros do Talibã até agosto.
– O Talibã, por sua vez, aceitou não permitir que a AL-Qaeda ou qualquer outro grupo extremista opere em áreas controladas por ele.
Ainda no documento assinado, os Estados Unidos se comprometeram a buscar apoio ao acordo junto ao Conselho de Segurança da ONU. A assinatura do documento ocorre após uma trégua parcial de uma semana no Afeganistão, para mostrar que o Talibã pode controlar suas forças. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a aliança apoia o acordo e está pronta para “ajustar e reduzir” sua presença no país. Stoltenberg, no entanto, afirmou que, se a situação na região piorar, a Otan pode voltar a aumentar sua atuação.
Em um pronunciamento antes da assinatura do acordo, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeu, pediu ao grupo Talibã que cortasse os laços com a Al-Qaeda e continuasse a luta contra o Estado Islâmico. Pompeu ainda disse que a paz vai requerer “trabalho e sacrifício de todo os lados”.