O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e o presidente do Chile, Sebastián Piñera, destacaram nesta sexta-feira, 10, a importância de o Brasil não renunciar ao Acordo de Paris contra a mudança climática, ao contrário do que sugeriu o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). Para o presidenciável, o pacto ambiental poderia ameaçar a “soberania nacional”.
Em entrevista coletiva conjunta após uma reunião entre os dois governantes, Sánchez manifestou uma “enorme preocupação” com a possibilidade de que o Brasil deixe o pacto mundial em um momento no qual, segundo ele, é preciso tomar decisões muito urgentes e muito drásticas em matéria de meio ambiente.
“Qualquer que seja o resultado do processo eleitoral brasileiro, desejo que o governo se una a esses compromissos internacionais, que vão além da mera assinatura de um tratado e representa um verdadeiro compromisso intergeracional que é fundamental reivindicar”, destacou o premiê espanhol.
Já Piñera, que elogiou as propostas econômicas de Bolsonaro, disse ter grandes divergências com o candidato em “tudo aquilo que representa uma conduta discriminatória ou fascista”.
“Certamente há frases de condutas homofóbicas, ou pouco respeitosas com as mulheres, ou pouco comprometidas com a democracia, das quais eu definitivamente discordo”, salientou.
O presidente chileno também fez uma ressalva ao afirmar que uma vitória do candidato do PSL aconteceria por decisão do povo brasileiro, visto por ele como “grande parceiro e amigo” do Chile e “com o qual é preciso manter relações próximas”.
Alerta para o aquecimento global
Na segunda-feira (8), um estudo divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática das Nações Unidas (IPCC) apontou que, no ritmo de aquecimento atual, as temperaturas globais provavelmente subirão ao menos 1,5 graus Celsius entre 2030 e 2052.
O aumento eleva os riscos de secas extremas, incêndios florestais, tempestades causadoras de inundações, falta de alimentos para centenas de milhões de pessoas, além da perda de espécies.
O relatório é visto como o principal guia científico para os formuladores de política dos governos decidirem como implantar o Acordo de Paris de 2015 durante a Conferência sobre a Mudança Climática de Katowice, na Polônia, em dezembro.
Para manter o aquecimento em 1,5 grau, como prevê o pacto, as emissões humanas de dióxido de carbono (CO2) teriam que recuar em cerca de 45% até 2030 em comparação com os níveis de 2010 e chegar a “quase zero” até a metade do século. Quaisquer emissões adicionais exigiriam retirar o CO2 do ar.
Desde que o Acordo de Paris entrou em vigor, em 2016, as temperaturas no planeta Terra já subiram por volta de 1 grau. Para a ONU, ações significantes devem ser tomadas nos próximos anos para evitar um aquecimento ainda maior.
O pacto
O Brasil também é signatário do Acordo de Paris e se comprometeu em reduzir em 37% as emissões até 2025, tendo como ponto de partida as emissões de 2005. Além disso, colocou como meta extra uma possível redução de 43% das emissões até 2030.
Bolsonaro afirmou que, se eleito, retirará o país do compromisso internacional, a exemplo do que Donald Trump fez nos Estados Unidos. O plano de governo do candidato não tem propostas específicas nos temas de clima, redução do desmatamento ilegal ou universalização do saneamento básico.
(Com EFE)