Esgrimista ucraniana se nega a cumprimentar russa e é eliminada de Mundial
Em meio à guerra na Ucrânia, Olga Kharlan venceu partida e negou aperto de mão da adversária Anna Smirnova; gesto segue os passos da tenista Elina Svitolina

A esgrimista ucraniana Olga Kharlan foi desqualificada nesta quinta-feira, 27, por recusar o aperto de mão da adversária russa Anna Smirnova ao final da partida no Campeonato Mundial em Milão, na Itália. Kharlan, vencedora do embate, segue os passos das tenistas Elina Svitolina e Marta Kostyuk, que também negaram o cumprimento de atletas russos e bielo-russos em protesto contra a guerra na Ucrânia.
Na véspera, o Ministério do Esporte ucraniano alterou suas regras que, até o momento, impediam a delegação nacional de competir contra russos e bielo-russos em torneios olímpicos, não olímpicos e paraolímpicos. O afrouxamento liberou a participação de atletas sob bandeira neutra, como Smirnova, em duelos contra esportistas ucranianos.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) apoiou a medida como forma de não penalizar participantes submetidos ao governo do líder russo, Vladimir Putin.
Ao derrotar por 15 a 7 sua oponente, a ucraniana optou por cumprimentar apenas o árbitro, revoltando Smirnova, que se recusou a deixar a quadra por cerca de 45 minutos após o fim da partida. As regras da Federação Internacional de Esgrima (FIE) determinam que os atletas devem realizar o gesto, e a recusa é penalizada com um “cartão preto”, ou seja, uma expulsão.
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Apesar da mudança de interpretação ucraniana, a tetracampeã mundial e olímpica Kharlan permaneceu firme em seu posicionamento, mesmo com os pedidos da esgrimista russa por sua desqualificação. A expulsão do campeonato, no entanto, não foi bem recebida pelo presidente da Federação de Esgrima da Ucrânia, Mykhailo Illiashev, que definiu a decisão como “absolutamente escandalosa”.
“Apoiamos totalmente Olga Kharlan nesta situação. Estamos preparando um protesto”, informou Illiashev, revelando que a delegação recorrerá da decisão.
Nas redes sociais, Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, compartilhou uma suposta foto de Smirnova ao lado de um soldado de Moscou e defendeu que “ela admira abertamente o exército russo, que está matando ucranianos e destruindo” cidades. Além disso, Podolyak confrontou a FIE e provocou: “O dinheiro russo cheira a sangue”.
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A política ucraniana Kira Rudik também prestou solidariedade a Kharlan ao afirmar que ficou “indignada” com o episódio. Disse, ainda, que os ucranianos não apertam “mãos ensanguentadas de assassinos”. Assim como a esgrimista, as tenistas Elina Svitolina e Marta Kostyuk, que competiram apesar das restrições de Kiev por não integrarem a delegação oficial, não aceitaram os cumprimentos russos.
“Eu sou ucraniana. Estou defendendo meu país, fazendo todo o possível para apoiar homens e mulheres que estão agora na linha de frente lutando por nossa terra, nosso país”, explicou Svitolina, na ocasião. “Você pode imaginar uma pessoa na linha de frente olhando para mim e eu agindo como se nada estivesse acontecendo?”