Equipe de Trump rejeita verificação de antecedentes do FBI para parte das nomeações
Entorno do republicano avalia que trabalho do FBI é lento e pode levar à tona informações que causem constrangimentos e danos políticos
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tem ignorado as verificações de antecedentes criminais do FBI, o serviço americano de inteligência e segurança, e usado de empresas privadas para lidar com o processo seletivo de parte dos nomes para compor o seu governo, informou a emissora americana CNN nesta sexta-feira, 15. A equipe do republicano avalia que o trabalho do FBI é lento e pode levar à tona informações que podem causar constrangimentos e danos políticos.
A mudança ocorre em meio a nomeações controversas, como o negacionista antivacina Robert Kennedy Jr. no comando do Departamento de Saúde; o secretário de Justiça Matt Gaetz, deputado de extrema direita conhecido por deslegitimar os resultados da eleição de 2020; e Pete Hegseth, ex-apresentador da Fox acusado de agressão sexual em 2017, para o Departamento de Defesa.
Gaetz também é alvo de uma investigação dentro do Comitê de Ética da Câmara por supostamente ter pagado para fazer sexo com uma jovem de 17 anos, ter usado drogas ilícitas e ter cometido outras supostas violações éticas. Antes disso, o Departamento de Justiça o investigou em um caso de tráfico sexual, embora não tenha apresentado acusações. Ele nega irregularidades.
+ Secretário da Defesa nomeado por Trump foi investigado por agressão sexual em 2017
Verificação de antecedentes
Embora exista um protocolo datado do pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que tem como objetivo evitar que figuras com laços estrangeiros ou que representem uma ameaça nacional ocupem cargos no governo, cabe ao presidente a palavra final. A verificação do FBI também é responsável por conceder uma autorização de segurança para os nomeados. Essa credencial é obrigatória para o secretário de Justiça.
Mas há caminhos para que Trump consiga burlar o processo. Ele pode ordenar que Gaetz consiga a autorização e não seria a primeira vez que o republicano optaria pela rota alternativa. Em 2016, ele concedeu o passe para o seu genro Jared Kushner, após ter o pedido negado por potenciais conflitos de interesse.
Agora, no segundo mandato, ele já exigiu que 25 pessoas tenham autorizações, mesmo com o sinal vermelho sobre preocupações do FBI com a segurança nacional, de acordo com informações da CNN. No momento, autoridades americanas ainda aguardam que a equipe de transição do republicano envie os dados dos candidatos para cargos de alto nível para dar continuidade ao processo de avaliação.
+ Trump escolhe antivacina Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde
Postura da equipe de Trump
Antes mesmo das eleições presidenciais, realizadas em 5 de novembro, assessores de Trump formularam um memorando para que ignorasse a tradicional verificação para alguns dos indicados. Eles já propunham que o empresário contratasse pesquisadores particulares que agissem com mais rapidez.
Além disso, segundo a CNN, sua equipe tem resisto a assinar memorandos de entendimento e acordos de sigilo, comuns no processo de transição entre governos. O atraso na seleção de candidatos para autorizações também afeta o cronograma de briefings confidenciais, necessários para novos funcionários da Casa Branca, acrescentou uma fonte à emissora americana.