Entenda quem é ‘Dente Quebrado’, o mafioso chinês sancionado pelos EUA
Império do crime de Wan Kuok-koi se expande por pelo menos quatro países da região da Ásia-Pacífico

Quando os Estados Unidos aplicam sanções sobre a China, os alvos específicos normalmente são empresas importantes para a economia chinesa ou figuras do alto escalão do governo central. Na quarta-feira 9, porém, o mais recente pacote de sanções americanas atingiu uma personalidade, no mínimo, menos maçante que um executivo da Huawei.
O nome dele é Wan Kuok-koi, líder da organização criminosa tríade 14k, que, sediada em Hong Kong, é uma das mais infames máfias de origem chinesa em todo o mundo. Por lá, ele é conhecido pelo apelido “Dente Quebrado”.
Conhecidos por atos de vandalismo, membros da tríade 14k estiveram presentes no episódio de barbárie em Yuen Long em julho de 2019, durante o qual perseguiram manifestantes pró-democracia de Hong Kong.
Segundo o Departamento do Tesouro americano, Wan está sendo sancionado por “ser um [não americano] líder ou funcionário de uma entidade, incluindo qualquer entidade governamental, que se envolveu em, ou cujos membros se envolveram em, corrupção”.
O mafioso é acusado pelo governo federal americano de “expropriação de bens privados para ganho pessoal, corrupção relacionada a contratos governamentais ou extração de recursos naturais ou suborno”, entre outros crimes.
Em especial, o Departamento do Tesouro denunciou que Wan está, em colaboração com Pequim, se aproveitando da Nova Rota da Seda — iniciativa do governo chinês que envolve o investimento em infraestrutura na Ásia, África e Europa — para “legitimar” parte de seu império do crime.
Desde 2012, quando foi solto pela última vez, o mafioso construiu um esquema de operações ilegais envolvendo, além da China, pelo menos outros três países da região da Ásia-Pacífico: Camboja, Mianmar e Palau. Antes disso, ele passou 14 anos na prisão por envolvimento em assassinatos e explosões em Macau.
Três entidades controladas pelo “Dente Quebrado” também estão sob sanções americanas. Entre elas está a Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen, que, sediada no Camboja, está, nas palavras do Departamento do Tesouro, “se espalhando pelo sudeste da Ásia, estabelecendo uma poderosa rede de negócios envolvida no desenvolvimento e lançamento de criptomoedas, imóveis e, mais recentemente, uma empresa de segurança especializada na proteção de investimentos da Nova Rota da Seda”.
O governo federal americano também acusou Wan de ser membro da Conferência Consultativa Política (CPPCC), um órgão consultivo para o Partido Comunista da China. Em resposta a essa acusação, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, afirmou que o mafioso não é um membro da CPPCC.