A premiê inglesa Theresa May se reuniu nesta quinta-feira com o presidente do Conselho Europeu (CE), Donald Tusk, para estabelecer os fundamentos das futuras negociações sobre a saída do país da União Europeia (EU), o chamado Brexit. Neste primeiro encontro desde o início das negociações, em 29 de março, as declarações da primeira-ministra sobre a disputa pelo pequeno território de Gibraltar se tornaram o assunto mais repercutido na imprensa internacional.
Tusk e May conversaram durante quase duas horas no escritório oficial da primeira-ministra em Londres. Apesar do tom positivo das conversas, May reforçou que não negociará a soberania de Gibraltar “sem o consentimento de seu povo”.
A atual controvérsia sobre Gibraltar teve início no último domingo, quando Michael Howard, antigo líder do partido conservador britânico, afirmou que o seu governo mostraria “a mesma determinação” de Margaret Thatcher contra a Argentina durante a Guerra das Malvinas em 1982, insinuando que a Inglaterra poderia usar a força em uma eventual disputa com a Espanha.
No dia seguinte, May negou uma possível guerra contra pelo território de Gibraltar e destacou que nenhum acordo entre as partes poderá ser aplicado em Gibraltar sem um pacto prévio entre o Reino Unido e a Espanha, mas o estrago estava feito.
Apesar das declarações da primeira-ministra minimizando o fato, a Espanha não gostou do que ouviu. O ministro das Relações Exteriores espanhol, Alfonso Dastis, afirmou que o o governo estava “surpreso pelo tom que a Inglaterra adotou” sobre Gibraltar.
“The Rock”
A península de Gibraltar é um pequeno território de 6,8km2, uma área menor do que o bairro de Copacacana, no Rio de Janeiro. Também chamada de “The Rock” (O Rochedo), tem apenas 33 mil habitantes e se situa ao sul da Espanha, no estreito de Gibraltar, entrada para o Mar Mediterrâneo.
Há três séculos sob domínio da Inglaterra, desde que foi cedido pela Espanha no Tratado de Ultrecht, em 1713, o território teve grande importância militar, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, e é um ponto estratégico para o comércio mundial. Apesar do acordo, a Espanha nunca deixou de reivindicar Gibraltar. Questões como o domínio marítimo e a existência de um aeroporto na península são alvo frequente de disputa entre os dois países.
Os habitantes, que apoiam massivamente a manutenção de Gibraltar como território britânico, discutem agora quais serão as consequências da saída da União Europeia.
A proximidade da Espanha e as poucas opções que a península oferece a seus habitantes resultam num tráfego diário de mais de 10 mil pessoas que moram no Rochedo e trabalham no país espanhol. Como o Brexit prevê que as mesmas medidas adotadas para o Reino Unido tenham validade para todos os seus 13 territórios ultramarinos, incluindo Gibraltar, além do impacto econômico, isso significaria um fechamento das fronteiras, que hoje têm livre circulação para a Europa.
(com EFE e AFP)