O presidente da China, Xi Jinping, presenteou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com um pedaço da rocha lunar durante um jantar no Itamaraty na noite de quarta-feira 20.
Segundo integrantes do governo, a rocha foi coletada durante a missão Chang’e 6 em junho, quando a China se tornou o primeiro país a explorar a face oculta da Lua, trazendo amostras do hemisfério lunar nunca antes observadas.
O presidente brasileiro, por sua vez, deu a Xi uma peça de cerâmica Marajoara, representando a cultura brasileira. A troca de presentes entre chefes de Estado é uma tradição em encontros diplomáticos desse porte.
Xi Jinping veio ao Brasil para participar da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, mas aproveitou a viagem para realizar uma visita de Estado em Brasília, onde discutiu temas estratégicos para os dois países.
O jantar no salão do palácio do Ministério de Relações Exteriores reuniu cerca de 200 convidados, número superior ao habitual para eventos do tipo, incluindo ministros, empresários e lideranças políticas. Entre os presentes estavam o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, além de representantes do setor empresarial, como Wesley Batista, da J&F, Luiza Trajano, do Magazine Luiza, e executivos da Vale.
O evento apresentou pratos da culinária brasileira aos chineses, como moqueca de banana e dadinhos de rabada.
Relação China-Brasil
A visita de Xi ao Brasil marca a celebração dos 50 anos de relações diplomáticas com a China e a assinatura de uma série de acordos.
Lula e Xi assinaram 37 acordos de cooperação, com uma extensão que abrange mais de 15 áreas, incluindo intercâmbio educacional, cooperação tecnológica, desenvolvimento sustentável e agronegócio. No entanto, a adesão plena à Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), um projeto trilionário chinês conhecido como “Nova Rota da Seda”, ficou de fora.
“O presidente Xi e eu decidimos elevar a parceria estratégica global ao patamar de comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e um planeta sustentável”, disse Lula após a bilateral. “Estamos determinados a alicerçar nossa cooperação pelos próximos 50 anos em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial.”
O governo brasileiro optou por não aderir integralmente à Nova Rota da Seda, programa iniciado em 2013 e que prevê construções e investimentos para ampliar a presença chinesa mundo afora, por não enxergar benefícios concretos para o país. O petista escolheu, então, assinar um plano de “sinergias”, que abrange o Programa de Aceleração do Crescimento, o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-americana.
A China é maior parceiro comercial do Brasil. Apenas entre janeiro a outubro deste ano, as exportações brasileiras ao gigante asiático chegaram a US$ 83,4 bilhões, enquanto as importações ficaram em US$ 52,9 bilhões. Mas, segundo Lula, os dois países apresentam mais interesses em comum, além da economia.
“China e Brasil colocam a paz, a diplomacia e o diálogo em primeiro lugar. Os entendimentos comuns para a crise na Ucrânia são exemplos da convergência de visões em matéria de segurança internacional. Jamais venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras”, afirmou.