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Em tensão regional, Fernández ‘desconvida’ chefe da OEA de cúpula da Celac

Junto a mexicano Andrés Manuel López Obrador, presidente argentino já havia pedido publicamente demissão de Luis Almagro

Por Da Redação
19 jan 2023, 13h07

Como presidente temporário da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o presidente argentino, Alberto Fernández, decidiu não convidar Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), para um encontro do fórum regional na próxima semana, em Buenos Aires. A informação foi publicada pelo periódico argentino Clarín nesta quinta-feira, 19.

No último encontro da Celac, em setembro de 2021 na Cidade do México, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, já havia decidido não convidar Luis Almagro, que tradicionalmente participa dos fóruns como convidado, à medida que não é representante da organização ou de Estados-membros.

Nos anos recentes, o mexicano e o argentino já haviam pedido publicamente a demissão de Almagro, que apesar disso foi reeleito em 2020 por uma maioria de países para um segundo mandato.

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Em 2021, Fernández afirmou que caso Almagro “tivesse um mínimo de dignidade, daria um passo para o lado”, reafirmando que houve um “golpe de Estado na Bolívia” em 2019 e que o organismo regional teve “responsabilidade” pela ruptura institucional.

“Na Bolívia houve um golpe de Estado, eu não tenho nenhuma dúvida, não permitindo que Evo Morales fosse reeleito, e um ano depois ficou comprovado, porque Evo ganhou novamente com uma diferença ainda muito maior”, destacou Fernández à agência pública argentina Télam. “A OEA teve responsabilidade nisso”.

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Além das questões políticas, Almagro se tornou alvo em outubro do ano passado de uma investigação interna por se relacionar consensualmente com uma assessora mexicana 20 anos mais nova, o que possivelmente viola o código de ética da organização.

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A Celac foi criada em 2010, a partir da iniciativa do então presidente venezuelano Hugo Chávez, sob argumento de que a OEA responde aos interesses dos Estados Unidos, e não dos países latinos. Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Brasil teve sua participação suspensa, já que, segundo o ex-mandatário, o fórum teria se tornado “palco dos regimes não democráticos de Venezuela, Cuba e Nicarágua”.

Com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, o Itamaraty volta a ter um foco na reconstrução da diplomacia. Durante discurso de posse, o chanceler Mauro Vieira prometeu reconduzir o Brasil ao “grande palco das relações internacionais” e dar atenção especial ao resgate de laços com a América Latina e o Caribe.

“A política externa voltará a traduzir em ações a visão de um país generoso, com mais justiça social”, declarou Vieira. Entre os fóruns que o novo governo pretende reforçar, disse Vieira, estão justamente a Celac e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

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