Em Pequim, Putin e Xi anunciam planos para fortalecer laços militares
Em declaração conjunta, os líderes se mostraram de acordo em relação à Ucrânia e criticaram os Estados Unidos
O presidente russo Vladimir Putin desembarcou em Pequim nesta quinta-feira, 16, para um encontro com o presidente chinês Xi Jinping em sua primeira viagem ao exterior desde que foi reeleito. Os líderes falaram sobre planos para intensificar os laços militares e fizeram críticas aos Estados Unidos.
Pequim e Moscou afirmaram estar de acordo sobre a guerra na Ucrânia e demonstraram preocupação em relação aos planos de Washington para o avanço das armas não nucleares de alta precisão, alegando que o país visa violar o equilíbrio nuclear estratégico.
Putin descreveu a conversa com Xi como “calorosa e camarada” e afirmou que os dois países estão fortalecendo seus laços em diversos setores, incluindo a fabricação chinesa de carros na Rússia e a cooperação nuclear e energética.
Em declaração conjunta, os líderes afirmaram que a colaboração entre dois países nos setores de defesa resultou em melhoras na segurança regional e global. Putin agradeceu a China por tentar resolver a crise na Ucrânia e ambos afirmaram que uma solução política para a guerra era a “direção correta”, alegando que se opõem a um conflito prolongado no país e a possibilidade do início de uma fase incontrolável.
“Juntos estamos defendendo os princípios da justiça e de uma ordem mundial democrática que reflita as realidades multipolares e baseada no direito internacional”, disse Putin.
Xi e Putin celebrarão os 75 anos de relação entre os dois países, desde que a União Soviética reconheceu a República Popular da China, proclamada por Mao Tsé-tung em 1949. Ao longo de sua viagem de dois dias, Putin também visitará a cidade de Harbin, no nordeste chinês, que foi construída sob grande influência da arquitetura e cultura russa.
Desavenças com o Ocidente
No mês passado, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, visitou Pequim em uma tentativa de persuadir a China a usar seu relacionamento com Moscou para se posicionar contra a invasão do território ucraniano. No entanto, os esforços americanos deram poucos frutos: Xi afirmou que Moscou e Pequim resistiriam à pressão ocidental para limitar seus laços.
“O relacionamento China-Rússia hoje é arduamente conquistado, e os dois lados precisam apreciá-lo e nutri-lo”, disse o líder chinês.
Em uma crítica clara à decisão da União Europeia de utilizar os lucros gerados por ativos congelados do banco central russo para financiar a defesa da Ucrânia na guerra, a declaração conjunta de Xi e Putin condenou políticas de apreensão de propriedades de estados estrangeiros.