Em nota conjunta, cinco ministérios saem em defesa de Vinicius Júnior
A VEJA, fontes confirmaram que Itamaraty vai convocar embaixadora da Espanha no Brasil para 'cobrar medidas' e manifestar repúdio
Em nota conjunta, cinco ministérios brasileiros condenaram “nos mais fortes termos” os ataques racistas que o jogador de futebol Vinicius Júnior vem sofrendo reiteradamente na Espanha. O documento, publicado nesta segunda-feira, 22, é assinado pelo Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Igualdade Racial, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério do Esporte e Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
O texto “insta as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos”, e apela, igualmente à Fifa, à Federação Espanhola e à liga de futebol espanhola a aplicar as medidas cabíveis.
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A VEJA, fontes familiarizadas com o assunto confirmaram que o Itamaraty vai convocar, nesta segunda-feira, a embaixadora da Espanha no Brasil, Mar Fernández-Palacios, como forma de “manifestar nossa posição de repúdio” e “cobrar medidas”.
“Medidas são os espanhóis, autoridades esportivas e governamentais, que têm que tomar. Cada país tem seus mecanismos e sua legislação, o que queremos é que não fique impune”, disse um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores. “São vários episódios já.”
No último domingo, o atacante foi mais uma vez vítima de xingamentos racistas durante a partida de futebol entre o Real Madrid e o Valencia. Ao longo do jogo, foi possível ouvir constantes gritos de “macaco!” vindos da torcida do Valencia direcionados ao atacante brasileiro.
Depois da partida, Vinicius Júnior se pronunciou nas redes sociais sobre o caso. “Não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga”, escreveu o jogador. Em fevereiro deste ano, o jogador foi alvo de racismo por um torcedor do Mallorca durante uma partida, caso que foi levado à Justiça espanhola e segue em tramitação.
O caso ocorre poucas semanas depois que a Espanha e o Brasil assinaram um acordo que prevê que seja dada atenção especial aos casos de racismo no esporte. Até hoje, o racismo não foi tipificado no Código Penal da Espanha: figura como “delito de ódio” e só depois o ato criminoso pode ser definido como “motivos racistas”.