Em carta conjunta, Brasil, Colômbia e México pediram nesta quinta-feira, 1, que a Venezuela solucione as “controvérsias sobre o processo eleitoral”.
No último domingo (28), o Conselho Nacional Eleitorla (CNE) anunciou que o presidente Nicolás Maduro havia sido reeleito com 51% dos votos.
Os países também destacaram que o impasse deve ser resolvido pela “via institucional” e que “o princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados”.
“Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”, disseram os países na declaração.
Além disso, o comunicado apelou aos “atores políticos e sociais a exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos”.
É uma referência aos protestos que explodiram no país desde o pleito do último domingo.
O texto frisou, ainda, que “manter a paz social e proteger vidas humanas devem ser as preocupações prioritárias neste momento”.
“Que esta seja uma oportunidade para expressar, novamente, nosso absoluto respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela. Reiteramos nossa disposição para apoiar os esforços de diálogo e busca de acordos que beneficiem o povo venezuelano”, concluiu a nota.
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Posicionamento de Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), responsável por atestar novo mandatário, divulgue as atas. Em entrevista à TV Centro América, afiliada da Rede Globo, o petista disse que há nada “grave” no processo eleitoral venezuelano e que “é normal que tenha uma briga”.
“Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo”, afirmou Lula.
“Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela”, acrescentou.
Antes da declaração de Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT) declarou o triunfo de Maduro em nota, na qual reforçou que é “importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”.
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Por que oposição contesta resultados?
Na madrugada desta segunda, o CNE, órgão federal controlado pela ditadura, apontou vitória de Maduro com 51% dos votos, contra 44% do candidato oposicionista, Edmundo González Urrutia, que substituiu María Corina Machado, vencedora das primárias da oposição, após ser inabilitada pelo regime chavista.
Em contraste, levantamentos de boca de urna sugeriram que o rival de Maduro teria vencido o pleito com 65% de apoio, contra apenas 31% do líder bolivariano.
A oposição, por sua vez, alega que González teria recebido 73% dos votos, enquanto Maduro teria arrematado menos de 30%.
O principal ponto de questionamento da oposição e da comunidade internacional é que o regime não divulgou os resultados na totalidade, sem a publicação das atas das zonas eleitorais – relatórios que reúnem informações de cada centro eleitoral.