Em meio a tensão com Venezuela, Guiana receberá navio de guerra britânico
Reino Unido confirmou que a embarcação HMS Trent fará exercícios de guerra na região após o Natal, mas não deve atracar em Georgetown, capital do país
O Reino Unido confirmou, neste domingo, 24, o envio do navio de guerra HMS Trent à Guiana, em meio às tensões com a Venezuela. A embarcação fará exercícios de guerra na região após o Natal.
Trata-se de uma forma de manifestar o apoio britânico à Guiana, que integra o Commonwealth, organização intergovernamental que conta com 56 Estados-Membros. “O HMS Trent visitará a Guiana, aliada regional e parceira da Commonwealth, no final deste mês, como parte de uma série de compromissos na região durante sua missão de patrulha no Atlântico”, afirmou um porta-voz do Ministério de Defesa do Reino Unido. Atualmente, o navio está em Barbados.
A região vive um momento de tensão depois que o governo venezuelano declarou sua intenção de anexar Essequibo, território da Guiana rico em petróleo, após um referendo realizado no início de dezembro. Há o temor de um conflito armado, caso Caracas decida avançar sobre o território.
Em meados de dezembro, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tentou atuar como mediador de uma reunião entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali. Embora o encontro não tenha rendido resultados concretos, as duas partes se comprometeram a “continuar o diálogo”, e a iniciativa do governo brasileiro atraiu elogios dos Estados Unidos.
No início do mês, o ministro das Relações Exteriores do governo britânico para as Américas e o Caribe, David Rutley, visitou a Guiana e afirmou que a Venezuela prometeu não usar a força na disputa. Mas afirmou que o Reino Unido trabalharia internacionalmente “para garantir que a integridade territorial da Guiana seja mantida”.
A disputa
A região conturbada, de 160 mil km², compõe 74% do território da Guiana, país que administra a área desde 1996, ano em que declarou independência do Reino Unido. A Venezuela contrapõe que o local foi retirado de seu domínio pela arbitrária Sentença de Paris, de 1899.
A disputa voltou a esquentar em 2015, quando foi descoberto petróleo na região de Essequibo. Estima-se que, por lá, existam reservas de 11 bilhões de barris. A maior parte estaria offshore, ou seja, no mar. Por causa das reservas fósseis, a Guiana tornou-se o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.