Em meio a guerra em Gaza, escalada de violência na Cisjordânia mata 73
Israel alega que vítimas eram 'agentes do Hamas' e diz temer 'guerra de três linhas de frente' contra o grupo; Cisjordânia registra protestos após ataques
O Ministério da Saúde palestino afirmou nesta quinta-feira, 19, que ao menos 73 palestinos foram mortos na Cisjordânia desde o início da guerra Israel-Hamas, em 7 de outubro, concentrado até agora na Faixa de Gaza, no sul do território israelense.
A escalada de violência no território de maioria árabe pontilhado de assentamentos judeus, ao leste de Israel, eleva os temores de uma nova linha de frente do conflito, ampliando a guerra a nível regional. Além do confronto na fronteira com Gaza, Tel Aviv também lida com ataques na divisa do Líbano, dominado pela organização político-militar xiita Hezbollah, aliada do Hamas.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), Jonathan Conricus, afirmou que o Hamas estava tentando “engolir Israel em uma guerra de duas ou três frentes”. Como consequência, os soldados israelenses estão em alerta máximo para possíveis ataques dos militantes palestinos, vindos tanto da Faixa de Gaza quanto da Cisjordânia.
Ambos territórios foram tomados por Israel na guerra de 1967, também conhecida como Guerra dos Seis Dias. Na ocasião, a Península do Sinai, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã também foram anexadas. Os soldados israelenses, contudo, deixaram Gaza em 2005, após 38 anos de ocupação. Até então, cerca de 8.500 judeus viviam no local.
Em meio à nova guerra, que segue a todo vapor em seu 13º dia, a Cisjordânia emitiu alerta máximo na quarta-feira 18, quando o território foi tomado por protestos contra um ataque ao Hospital Batista Al-Ahli, em Gaza.
Ataques à população local também provocaram uma onda de indignação. Apenas nesta quinta-feira, 12 pessoas foram mortas por um ataque aéreo israelense a um campo de refugiados palestinos na Cisjordânia, Nur Shams, de acordo com autoridades locais.
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Os militares de Tel Aviv alegam que o bombardeio mirava um grupo de palestinos que “ameaçava os soldados na área”. Eles acrescentaram que a investida também visava “prender suspeitos procurados, destruir infraestruturas terroristas e confiscar armas”. Ao menos 10 palestinos foram presos na operação, e um soldado israelense foi morto.
No entanto, as mortes não ficaram restritas a Nur Shams. No campo de Dheishen, próximo a Belém, dois adolescentes, de 16 e 17 anos, foram assassinados. Um homem de 32 anos, por sua vez, foi morto a tiros em Budrus, informou o Ministério da Saúde ligado à Autoridade Palestina, órgão reconhecido internacionalmente que governa a Cisjordânia. Israel não confirmou, até o momento, as mortes nos locais.