Em meio a forte oposição, Rússia admite erro em mobilização de reservistas
Mais de 2.000 pessoas foram presas em protestos em todo o país; há relatos de convocações de homens sem treinamento militares, idosos e deficientes
O governo da Rússia admitiu nesta segunda-feira, 26, que cometeu erros em sua tentativa de mobilizar reservistas para lutar na Ucrânia em meio à crescente oposição pública.
O decreto, que prevê a convocação de 300.000 militares da reserva para ir à guerra, já havia provocado uma série de protestos generalizados na última semana e causou a prisão de mais de 2.000 russos.
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O documento não especifica quais grupos seriam escolhidos, o que abriu margem para o governo ter uma maior liberdade na hora da mobilização. Desse modo, vários relatos surgiram ao longo da semana de que homens sem experiência militar ou que são muito velhos e deficientes estavam sendo chamados pelo Exército.
O número exato de convocações também não está especificado no documento – ele foi citado apenas pelo ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu –, e surgiram relatos de que mais de um milhão de russos podem ser obrigados a se apresentar ao Exército.
Para analistas de países ocidentais, a decisão do presidente Vladimir Putin em mobilizar os reservistas deixa claro as falhas e problemas enfrentados pelas tropas russas nesta fase da guerra. Pouco mais de sete meses de conflito, a Ucrânia já anunciou ter recuperado cerca de 6.000 km² de território por meio de suas contra-ofensivas.
Em nota publicada nesta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu que erros estavam sendo cometidos e que em algumas regiões os governadores estavam trabalhando para corrigir a situação.
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Além disso, ele desmentiu os boatos da mídia de oposição na última semana de que o governo estava considerando fechar as fronteiras ou até mesmo impor a lei marcial no país, para impedir que homens em idade de combate (dos 18 aos 60 anos) fugissem da convocação.
Também nesta segunda, o governo da Ucrânia acusou a Rússia de acelerar o referendo nas regiões separatistas como um pretexto para recrutar ucranianos para o Exército russo e, segundo oficiais do país, a circulação de homens ucranianos nessas regiões tem sido muito mais difícil desde o anúncio da mobilização parcial.
“O principal objetivo do falso referendo é mobilizar nossos moradores e usá-los como bucha de canhão”, disse o prefeito exilado de Melitopol, Ivan Fedorov, no Telegram.
Segundo o Centro Nacional de Resistência da Ucrânia, órgão vinculado ao Ministério da Defesa, os militares russos planejam impor uma convocação assim que os referendos forem aprovados.
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Segundo informações levantadas pela inteligência do país, a Rússia está elaborando uma série de listas com os nomes de milhares de pessoas a serem mobilizadas em Kherson e Zaporizhzhia. Já em Luhansk, área quase inteiramente ocupada pelo russos, o recrutamento já começou.
“Ao contrário da Federação Russa, onde a mobilização é parcial, na chamada República Popular de Luhansk todos são levados”, disse o chefe ucraniano da administração militar da região, Serhii Hayday, no Telegram.