Em meio à intensificação dos cortes de energia, que no último sábado (9) resultaram num apagão nacional, o Líbano enfrenta uma onda de fome jamais vista na longa história de tragédias que marca o país.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU, os preços da cesta básica dispararam 628% no Líbano em apenas dois anos, criando uma situação de insegurança alimentar generalizada.
No mesmo período, a libra libanesa perdeu 90% do valor, minando por completo o poder de compra da população. Como resultado, três quartos em cada quatro libaneses vivem atualmente em situação de pobreza.
Entidades de direitos humanos alertam que a crise alimentar piorou significativamente em 2021, já que houve um agravamento da escassez de combustível e da inflação.
Em um alerta emitido nas últimas semanas, a ONU afirmou que a fome pode ser uma “realidade crescente” para milhões de cidadãos do país e que a situação é “sem precedentes”.
Para tentar sanear suas finanças, o governo libanês tem suspendido os subsídios aos combustíveis desde junho, o que resultou em quatro reajustes no preço da gasolina em apenas um mês.
Ao mesmo tempo, as autoridades tentam desenvolver um programa de substituição de subsídios que ainda não trouxe resultados concretos.
O pacote de austeridade, porém, vem alimentando a hiperinflação. O Ministério da Economia do Líbano anunciou no início desta semana que aumentou o preço do pão pela sexta vez este ano.
O reajuste é explicado pelo enfraquecimento da moeda local, assim como a crise do petróleo e dos combustíveis, uma vez que os custos de transporte dispararam.
O Líbano tem sido cada vez mais atingido por apagões prolongados, à medida que o governo tem diminuído os recursos destinados ao fornecimento de eletricidade.
Os poucos libaneses com recursos passaram então a recorrer a geradores abastecidos a óleo diesel, fazendo com que o combustível também disparasse no mercado.
Fila por pão: libaneses buscam alimentos em banco solidário de Beirute