Israel negou nesta sexta-feira, 17, as acusações de genocídio feitas pela Africa do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, alegando que as operações militares em Gaza não visam civis e que as alegações “zombam” da definição do crime de guerra.
Durante a terceira rodada de audiências do processo iniciado pela nação africana em dezembro do ano passado, que acusa Israel de violar a Convenção sobre o Genocídio, o representante do Ministério da Justiça de Israel, Gilad Noam, afirmou que “(o caso) zomba da hedionda acusação de genocídio” e defendeu a necessidade da ofensiva em Gaza.
Noam descreveu a acusação como “completamente divorciada de fatos e circunstâncias” e “uma exploração obscena da convenção mais sagrada”, referindo-se ao tratado internacional criado após o fim do Holocausto, na II Guerra Mundial, para proibir o genocídio em todos os países.
O caso
O embaixador da África do Sul na Holanda, Vusimuzi Madonsela, solicitou que o mais alto tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) ordenasse um cessar-fogo em Gaza, fazendo com que Israel “retirasse imediata, total e incondicionalmente seu exército de toda a Faixa de Gaza”.
Em decisões anteriores, o tribunal negou pedidos de Tel Aviv para que o caso fosse engavetado. Além disso, ordenou que o país adotasse medidas provisórias para impedir atos de genocídio contra o povo palestino. No entanto, não solicitou um cessar-fogo em Gaza.
As audiências desta semana são voltadas para a solicitação de medidas de emergência em relação à renovada ofensiva a Rafah, cidade no sul de Gaza que abriga mais de 1 milhão de civis. A decisão final da CIJ pode levar anos para se concretizar.
Ofensiva em Rafah
A equipe jurídica da África do Sul apresentou, na quinta-feira 16, sua solicitação mais recente de ações de emergência em resposta ao avanço das tropas israelenses na cidade de Rafah, que abriga mais de 1,4 milhão de palestinos que precisaram deixar suas casas para fugir dos bombardeios israelenses no restante da Faixa de Gaza.
O país afirma que a nova operação militar de Israel é um genocídio que visa exterminar o povo palestino. No entanto, Noam afirma que a ofensiva em Rafah é necessária para derrotar o Hamas, que supostamente utiliza a cidade como fortaleza.
Os exemplos de violação israelense apresentados pela África do Sul “não são evidências de uma política de comportamento ilegal, muito menos uma política de genocídio”, garantiu Noam. “Há uma guerra trágica acontecendo, mas não há genocídio” em Gaza, ele enfatizou.
Protestos
Dezenas de manifestantes pró-Israel se reuniram em frente ao tribunal antes do início da audiência, pedindo a libertação dos reféns capturados pelo Hamas em 7 de outubro.
Durante a apresentação de Israel, uma mulher gritou “mentirosos!” e foi retirada pela equipe de segurança do Grande Salão da Justiça em Haia, que raramente é palco de protestos.