O capitão da marinha Jorge Bergallo perdeu o filho no submarino que um dia comandou. Embora a palavra “morte” nunca seja usada pelo governo argentino para descrever a situação dos 44 tripulantes do ARA San Juan, desaparecidos há 11 dias, o militar está resignado. “Meu filho morreu em serviço”, escreveu Bergallo sobre o filho Jorge Ignacio em uma carta endereçada a colegas ex-comandantes da Fragata Argentina Libertad.
O ex-comandante mudou de visão depois que se tornou pública a informação de que uma explosão havia detectada em um ponto próximo do local onde o submarino fez o último contato com a base. “É um momento duro, talvez pior que a incerteza.”
Bergallo também pediu para que a tragédia não fosse sequestrada pela política: “Meu filho e os outros 43 marinheiros não morreram por culpa de Kirchner, Alfonsín, cúpula naval ou não sei de outras coisas quantas”. Ele reconheceu que a embarcação não operava nas melhores condições – “tampouco nas piores”.
Pragmático, o pai não demonstrou acreditar em milagres na mensagem. Embora não traga esperanças, há no texto um grande respeito pelo trabalho dos tripulantes. “Eles estavam fazendo o que gostavam, o que lhes dava orgulho. Nunca pediram aplausos ou que os levassem aos palcos da televisão.”
Possivelmente por saber das dificuldades de encontrar o submarino e resgatar os corpos, Bergallo, em tom de despedida, considera que o oceano se tornou o túmulo do filho: “Agora acredito que podem descansar em paz, a bordo de seu submarino e no mar argentino”.