Em busca de alianças, Milei faz reunião com Macri e Bullrich
O presidente eleito da Argentina não tem maioria no Congresso, da qual depende para aprovar suas propostas controversas
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, reuniu-se no domingo 19, noite da eleição, com o ex-chefe de Estado Mauricio Macri e Patricia Bullrich, candidata que ficou de fora do segundo turno e declarou apoio ao ultraliberal. O encontro a portas fechadas com os políticos mais importantes do partido de direita Proposta Republicana (PRO) ocorre enquanto o novo líder argentino busca alianças para ampliar o apoio no Congresso, e os direitistas tentam garantir um lugar no novo governo.
Assim que foi eleito, Milei usou seu discurso para agradecer a Macri e Bullrich pelo “apoio altruísta” que lhe concederam no caminho para o segundo turno. Também falou dos esforços da sua coalizão, A Liberdade Avança, e do PRO para fiscalizar as urnas e a contagem dos votos.
Apesar de comemorar com efusiva estridência, como é de praxe, sua vitória, o ultraliberal também começou a se preparar para os desafios do dia seguinte: agendar a complexa transição com o governo de Alberto Fernández, montar seu gabinete e decidir qual será o papel do PRO no executivo e da aliança no Congresso Nacional.
Portanto, não foi surpresa que Macri e Bullrich tenham chegado ao hotel Sheraton Libertador, que funciona como centro de operações de Milei, por volta da meia-noite.
O encontro ocorre em meio a especulações sobre quem será o presidente da Câmara dos Deputados argentina. Ao longo do mandato, Milei terá a difícil tarefa de obter o apoio necessário para aprovar suas controversas propostas, que incluem dolarizar a economia, extinguir o Banco Central e liberar o porte de armas.
A Liberdade Avança, que tinha apenas 3 cadeiras na Câmara, conseguiu eleger 37 deputados. Seria motivo de comemoração, não fosse o fato de que, no primeiro turno, quando os congressistas foram escolhidos, quem obteve o maior número de deputados na Câmara foi o União Pela Pátria, do adversário Sérgio Massa. A coalizão elegeu 108 deputados, 10 a menos do que a atual bancada governista.
A aliança de direita Juntos por el Cambio, da terceira colocada Bullrich, também perdeu espaço na Câmara com uma baixa maior do que a bancada do governo: de 118 para 93.
Para ter maioria na Casa Baixa, são necessários ao menos 129 deputados. Se Bullrich e Macri conseguirem alinhar seus deputados com o projeto governista de Milei, somando 130 cadeiras, as propostas do presidente poderão ser aprovadas.