A guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) acusou o presidente da Colômbia, Iván Duque, de acabar com o processo de paz ao não reconhecer o acordo alcançado pelo ex-presidente Juan Manuel Santos e apresentar “condições inaceitáveis” para retornar à mesa de diálogo em Cuba.
“Ao não reconhecer os acordos alcançados com o Estado e colocar, unilateralmente, condições inaceitáveis, este governo está encerrando esta mesa, acabando com o processo de diálogos e os esforços feitos há vários anos pelo ELN, a sociedade, o governo anterior e a comunidade internacional”, afirma o site da guerrilha.
Duque, que assumiu o poder no mês passado, afirmou no sábado, 8, que o plano de paz que era negociado em Cuba seria retomado pelo novo governo apenas se a guerrilha libertasse antes “todos os reféns”.
A guerrilha havia proposto anteriormente libertar, por conta própria, seis reféns que estavam em seu poder. O governo da Colômbia, contudo, vinculou o destino das negociações à libertação de todas as pessoas sequestradas pelo grupo.
Duque calcula que pelo menos 16 reféns permanecem sob poder do ELN, que historicamente financia suas atividades com sequestros e extorsões para apoiar a rebelião armada de mais de meio século.
Reconhecida oficialmente como a última organização de guerrilha na Colômbia, as autoridades acreditam que o ELN também atua no narcotráfico e na mineração ilegal.
“Até que essa premissa seja cumprida, não vamos designar ninguém para que se sente à mesa (de diálogo) para ter qualquer tipo de aproximação”, afirmou Duque, em um ato público na localidade de Amagá, no departamento de Antioquia, no sábado.
Nesta segunda-feira, 10, o governo da Colômbia afirmou que, apesar das exigências, mantém o desejo de negociar a paz com o ELN.
“O governo colombiano segue expressando a vontade de paz, mas com fatos concretos e não com retórica”, disse o Alto Comissário para a Paz, Miguel Ceballos, à rádio Caracol.
Em seu comunicado, o ELN afirma que conceder aos militares a gestão das libertações e negar um acordo para os protocolos de entrega colocariam em risco a vida dos reféns.
A guerrilha pediu a retomada do diálogo. “Nós persistiremos neste processo de diálogo, nossa delegação (em Havana) segue ativa e à espera de sua continuidade. Seguiremos buscando saídas e opções de paz”.
O ELN é a última guerrilha que resta no país depois do desarmamento e transformação em partido das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que assinou um acordo de paz com Santos.
(Com AFP e EFE)