A salvadorenha Evelyn Hernández, libertada em fevereiro depois de a Justiça anular uma sentença de 30 anos de homicídio após ela ter tido um aborto involuntário, retornou ao banco dos réus, agora acusada de homicídio culposo.
O novo julgamento começou em Ciudad Delgado, periferia de San Salvador, na segunda-feira 15, mas foi suspenso no mesmo dia. A data de uma nova audiência será anunciada em 26 de julho.
Hernández tem 21 anos e já passou 33 meses na prisão no primeiro julgamento, realizado em 2016. A mulher responderá agora em liberdade.
A Procuradoria-Geral da República solicitou uma nova audiência sobre o caso porque decidiu mudar a tipificação do crime pelo qual ela era acusada e pediu que a jovem seja condenada a uma pena menor.
O aborto é totalmente proibido em El Salvador. Há pelo menos 20 mulheres detidas por abortar, muitas delas denunciadas após procurarem ajuda em hospitais públicos.
Hernández afirmou à Justiça salvadorenha que ficou grávida após sofrer um estupro. A jovem diz que não sabia que estava esperando um bebê até começar a dar à luz.
Quando começou a sentir as contrações, foi até o banheiro, onde desmaiou com as dores do parto. Segundo a imprensa local, ela foi levada para um hospital, onde a polícia foi acionada.
As informações sobre o que aconteceu divergem, mas os policiais que investigam o caso afirmaram que o bebê prematuro da jovem foi encontrado em uma fossa próxima à casa da salvadorenha. Hernández foi então acusada de induzir o aborto e depois deixar seu filho recém-nascido para morrer.
Nesta segunda, durante o início do novo julgamento, a mulher voltou a se declarar inocente. “Eu não sabia que estava grávida”, disse Hernandez a repórteres na corte em Delgado. “Se eu soubesse que estava grávida, teria esperado o bebê com orgulho e alegria.”
Vários grupos de direitos humanos e a favor da legalização do aborto compareceram à Corte durante o julgamento para protestar contra as rigorosas leis de El Salvador.
(Com Estadão Conteúdo)