O escritório de auditoria da Hungria divulgou um relatório sobre os riscos do sistema educacional do país ser “muito feminino”, dizendo que isso pode prejudicar o desenvolvimento dos meninos. Como em muitos países, a profissão docente na Hungria é dominada por mulheres, que representam 82% dos professores do país.
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De acordo com o documento oficial, o fenômeno, denominado “educação rosa”, poderia trazer riscos à saúde mental de crianças do gênero masculino e prejudicar a economia do país.
“Se a educação favorecer traços femininos” como “maturidade emocional e social” e “provocar a sobre-representação das mulheres nas universidades, a igualdade (dos gêneros) será consideravelmente enfraquecida”, conclui o relatório.
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O texto foi publicado no mês passado, mas só chamou a atenção do público após ser veiculado por um jornal local na quinta-feira, 19.
Segundo órgão estatal, ligado ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, pessoas do gênero masculino são mais propensas a serem empreendedoras e, portanto, a interferência em sua capacidade de inovação e criatividade na infância causaria impactos futuros na área profissional.
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O escritório acrescentou que a “educação rosa” pode causar “problemas demográficos”, pois as mulheres educadas não conseguiriam encontrar cônjuges com educação semelhante, “o que poderia levar a um declínio na fertilidade”.
Em resposta, o parlamentar da oposição húngara Endre Toth disse em suas redes sociais que falar de qualidades masculinas e femininas era “total absurdo científico”.
“É hora de tirar os óculos do século passado”, afirmou a política.
Apesar da Hungria ter elegido em maio Katalin Novák como sua primeira presidente mulher, a nação ocupa o penúltimo lugar no ranking de governos da União Europeia com representação feminina.
Em 2019, o comissário de direitos humanos do Conselho da Europa observou “retrocesso nos direitos das mulheres e igualdade de gênero na Hungria” após uma visita.
A política húngara é dominada pela corrente conservadora promovida pelo primeiro-ministro, que desde que voltou ao poder em 2010 vem reafirmando um discurso nacionalista anti-imigrantes e defendendo leis contra a comunidade LGBTQIA+.