Diplomata exonerado critica autoritarismo do Itamaraty e ligação com Olavo
Paulo Roberto de Almeida foi exonerado de um instituto de pesquisas vinculado ao Ministério de Relações Exteriores
Exonerado da presidência do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) na última segunda-feira 4, o diplomata Paulo Roberto de Almeida publicou uma nota em seu blog pessoal na qual lista razões para a saída do cargo e demonstra indignação. Ele sugere que a medida foi tomada pelo Itamaraty em reação a textos críticos que compartilhou, além de uma retaliação por se opor à influência do filósofo Olavo de Carvalho.
Em uma de várias postagens nas redes sociais sobre o caso, ele escreveu que “personalidades autoritárias não apreciam espíritos libertários como o meu”, entre outras críticas, sobretudo ao chanceler Ernesto Araújo e ao filósofo.
Almeida postou, recentemente, dois artigos que reprovam a atual política externa brasileira – um de autoria do ex-ministro Rubens Ricupero e outro assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – juntamente com um texto no qual o próprio chanceler atual, Ernesto Aaraújo, defende sua atuação.
Ele também publicou comentários negativos ao filósofo Olavo de Carvalho, a quem chamou de “sofista da Virgínia”. Depois de exonerado, Almeida voltou a condenar a influência de Olavo no governo o descreveu como uma “personalidade bizarra do momento político brasileiro, totalmente inepta em matéria de relações internacionais, mas ao que parece grande eleitor nas circunstâncias atuais”.
O diplomata afirmou que foi retirado do cargo por conta dessas postagens. Prontamente, o Itamaraty e o próprio Olavo de Carvalho negaram a versão de Almeida.
“Paulo Roberto de Almeida espalhou que foi exonerado por externar divergências e divulgar textos críticos ao governo. Nada mais falso. Sua exoneração, que já era prevista, apenas foi antecipada — e o foi em razão de uma série de ofensas pessoais e não por qualquer tipo de divergência”, tuitou Filipe Martins, assessor da Presidência para Assuntos Internacionais.
Olavo também se pronunciou pelas redes sociais. “Não fui eu quem cortou a cabeça do Paulo Roberto de Almeida. Não posso cortar o que não existe”, declarou.
Diante da repercussão, o diplomata seguiu sugerindo que os artigos motivaram a demissão.
“Como ele (Ernesto Araújo) não podia responder (os textos de FHC e Ricupero), ele ficou com raiva, ofendeu os dois, e resolveu me exonerar. Na verdade, ele ficou com mais raiva ainda porque eu chamei o seu guru e patrono de ‘sofista da Virgínia’ e ataquei uma postagem ridícula dele sobre comércio internacional falando de ‘olavices debiloides'”, publicou no Facebook.
Sobre seu futuro, Paulo Roberto de Almeida diz que pretende seguir trabalhando para o Ministério de Relações Exteriores: “Voltarei a fazer da Biblioteca do Itamaraty o meu escritório de trabalho”.