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Diana: a princesa eterna

O falatório em torno da nova temporada de The Crown mostrou que, mais de vinte anos após sua morte, o fascínio global por Diana continua vivíssimo

Por Lizia Bydlowski
Atualizado em 8 dez 2020, 16h54 - Publicado em 4 dez 2020, 06h00
FRIEZA - Diana e Charles já distantes, em 1986: a novela conjugal volta à cena -
FRIEZA - Diana e Charles já distantes, em 1986: a novela conjugal volta à cena – (David Levenson/Shutterstock)

Bonita, bem-vestida, sensível, espontânea, capaz de sofrer e de causar sofrimento, Diana, a única agregada à família real nos tempos modernos a se descolar completamente do sobrenome de solteira e incorporar majestosamente o título de princesa de um nome só, morreu em 1997, aos 36 anos, no apogeu da fama. Na sua breve vida, teve tempo, turbulências e atitude para fincar raízes na memória universal, fazendo de sua figura uma parte do passado de todo mundo — protagonismo exacerbado agora pela quarta temporada da série The Crown, que trata dos primeiros anos de seu infeliz casamento com o príncipe Charles.

Desde que começou a ser exibida, em novembro, chovem artigos, mensagens e programas de TV sobre a veracidade das cenas — e, claro, sobre o figurino da princesa, vivida com competência pela atriz Emma Corrin. “Diana foi a primeira grande influenciadora das mídias sociais”, afirma o dramaturgo Joe DiPietro, que escreveu e produziu um musical da Broadway sobre ela. Mesmo em tempo de pandemia e de consumo reduzido de roupas e acessórios, a cuidadosa reprodução das roupas de Diana, desde as mais básicas até os vestidos de gala, desencadeou uma corrida às lojas on-­line por réplicas das peças. Na noite da estreia da série, o site de comércio eletrônico eBay registrou um aumento de quase 200% nas buscas por um atroz suéter vermelho com estampas de ovelhinhas que ela usou várias vezes antes de ter o closet entupido de grifes condizentes com seu título. A marca Rowing Blazers relançou o suéter, a 295 dólares a unidade — esgotadíssimo até janeiro. A procura por “bermuda de ginástica” e por “vestido vermelho” — outros dois itens indispensáveis no guarda-roupa da princesa — cresceu 131% e 171%, respectivamente. Animado, o casal de estilistas galeses David e Elizabeth Emanuel, criadores do célebre vestido de noiva cheio de fru-frus e de vários outros usados por Diana, está leiloando o croqui das peças, na expectativa de vender cada um por até 600 libras.

Diana tomou conta do universo da moda, das celebridades e dos tabloides desde o momento em que foi apresentada ao mundo, em 1980, até a trágica morte na curva de um túnel em Paris. Com editores da Vogue britânica, aprendeu a explorar como ninguém o poder das roupas, da maquiagem e das joias. Segundo a jornalista de moda Elizabeth Holmes, autora do livro So Many Thoughts on Royal Style (Tantas Reflexões sobre a Moda da Realeza, em tradução livre), Diana usava o apuro visual como uma espécie de encantamento, mais ainda depois que os problemas no casamento vieram à tona. Outro talento seu, incentivado por pessoas próximas, foi cultivar uma relação ambígua com a imprensa e os paparazzi, que a perseguiam sem cessar, mas também foram usados por ela em diversas situações.

NA MODA - Emma Corrin, no papel da princesa: roupas replicadas e esgotadas -
NA MODA - Emma Corrin, no papel da princesa: roupas replicadas e esgotadas – (Des Willie/Netflix)

Dessa busca pelo furo, de um lado, e pelo melhor ângulo, de outro, nasceu uma das entrevistas mais comentadas em todos os tempos: vestida de preto, com pesada maquiagem em volta dos olhos, Diana derramou intimidades para o repórter Martin Bashir no programa Panorama, da BBC. “Éramos três nesse casamento”, suspirou menos de dois anos antes de morrer, referindo-se à relação de Charles com Camilla Parker Bowles, com quem ele está casado atualmente. No exato momento em que o mito Diana renasce em The Crown, Bashir, hoje editor de religião na emissora, é alvo de investigação sobre os métodos que usou para convencer a princesa a confiar nele e dar a entrevista.

Documentos recém-divulgados reforçam as suspeitas de que Bashir agiu de má-fé, persuadindo Diana de que a família real tramava sua morte e de que a rainha Elizabeth havia montado uma rede secreta de vigilância que grampeava ligações, interceptava correspondências e a seguia por toda parte. A BBC já havia investigado uma denúncia nesse sentido feita pelo irmão de Diana, Charles Spencer, mas o caso foi encerrado quando ela escreveu um depoimento de próprio punho afirmando que as mentiras não tiveram nenhum papel em sua decisão de participar da entrevista. Agora, um extrato bancário falso contendo supostos pagamentos do complô, que o repórter teria levado à princesa, reabriu o caso. Bashir, que teve complicações após uma cirurgia cardíaca e em seguida contraiu Covid-19, está de licença médica há meses. Os príncipes William e Harry, que andam estremecidos, se uniram no apoio à nova investigação. Diana, a princesa eterna, continua dando o que falar.

Publicado em VEJA de 9 de dezembro de 2020, edição nº 2716

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