Uma mandíbula parcial com sete dentes encontrada em uma caverna em Israel representa o que cientistas estão chamando de os mais antigos vestígios conhecidos de Homo sapiens fora da África. A descoberta mostra que nossa espécie deixou o continente africano pela primeira vez muito antes do que se pensava anteriormente.
O fóssil foi encontrado em 2012, na caverna de Misliya, nas encostas oestes do Monte Carmel, em Israel. Porém, só agora os cientistas puderam comprovar que os dentes carregam traços característicos do Homo sapiens e têm entre 177.000 e 194.000 anos.
A descoberta indica que nossa espécie pode ter vivido fora da África já por volta de 175.000 anos atrás — 55.000 anos mais cedo do que se comprovara anteriormente.
O fóssil corresponde à parte esquerda da mandíbula superior de um jovem adulto, porém os pesquisadores ainda não conseguiram determinar o sexo da pessoa. Dentro da grande caverna onde foi encontrado, também foram descobertas lâminas e outras ferramentas de pedra que eram sofisticadas para a época, diversas lareiras e ossos queimados de animais.
O Homo sapiens apareceu pela primeira vez na África, com os fósseis mais antigos datando cerca de 300.000 anos. A saída do continente rumo a pontos extremos do globo é um dos fatores que explica a expansão humana pelo planeta.
Até agora, os fósseis mais antigos de Homo sapiens fora da África haviam sido descobertos em outras duas cavernas em Israel, e eram datados com entre 90.000 e 120.000 anos.
A nova descoberta apoia a ideia de que os humanos migraram da África por meio de uma rota rumo ao norte, pelo vale do rio Nilo, península do Sinai e pelo leste da costa mediterrânea, e não por uma rota mais ao sul através do estreito Bab al-Mandeb, que conecta a África à costa da Árabia Saudita, e de lá rumo ao subcontinente indiano e leste da Ásia, disse o paleoantropologista da Universidade de Tel-Aviv, Israel Hershkovitz, que liderou o estudo.
“Esta é uma descoberta emocionante, que confirma outras sugestões de uma migração anterior para fora da África”, acrescentou o paleoantropologista Rolf Quam, da Universidade Binghamton em Nova York, co-autor do estudo publicado na revista Science.
(Com Reuters)