Decisão da Rússia de suspender acordo nuclear é ‘irresponsável’, dizem EUA
Sob tratado Novo Start, vigente desde 2010, Rússia e EUA, que juntos tem 90% do arsenal nuclear do mundo, impuseram teto de ogivas estratégicas implantadas
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que a decisão da Rússia de suspender sua participação no último acordo de controles de mísseis estratégicos vigente, o Novo Start, é “profundamente infeliz e irresponsável”. A descontinuação foi anunciada nesta terça-feira, 21, em discurso do presidente russo, Vladimir Putin, à Assembleia Federal russa.
Segundo Blinken, o governo de Joe Biden continua pronto para conversar sobre o tratado de controle nuclear “a qualquer momento com a Rússia, independentemente de qualquer coisa que está acontecendo no mundo”.
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“Estaremos olhando com cuidado para ver o que a Rússia de fato faz”, acrescentou o secretário de Estado.
O tratado, vigente desde 2010 e previsto até 2026, indicava que tanto a Rússia quantos os Estados Unidos, que juntos têm 90% do arsenal nuclear do mundo, impusessem um teto de 1.550 ogivas estratégicas implantadas, referindo-se àquelas ogivas montadas em terra ou mísseis lançados no mar.
As inspeções de instalações militares dos EUA e da Rússia sob o tratado nuclear Start foram interrompidas por ambos os lados por causa da pandemia do coronavírus em março de 2020. O comitê EUA-Rússia que supervisiona a implementação do tratado se reuniu pela última vez em outubro de 2021, mas a Rússia suspendeu unilateralmente sua cooperação com as disposições de inspeção do tratado em agosto de 2022 para protestar contra o apoio dos EUA à Ucrânia.
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Todos os números existentes sobre o assunto são especulativos, mas de acordo com a Federação de Cientistas Americanos, a Rússia tem 5.977 ogivas nucleares, sendo 1.500 delas aposentadas. Os EUA, por sua vez, teriam 5.428.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou em agosto passado que havia informado aos EUA que estava suspendendo temporariamente as inspeções no local exigidas pelo tratado. Como justificativa, a pasta afirmou que as sanções de Washington impostas pela invasão à Ucrânia mudaram as condições entre os dois países e que os EUA em si estariam impedindo russos de realizarem suas próprias inspeções em solo americano.
Em 16 de janeiro, a Rússia disse ter finalizado sua primeira ogiva nuclear Poseidon, um super torpedo que seria capaz de desencadear ondas radioativas no oceano para tornar as cidades costeiras inabitáveis. A arma tem suas raízes nos planos soviéticos de Josef Stalin para um torpedo nuclear que seria capaz, no contexto da União Soviética e da Guerra Fria, de devastar a costa dos Estados Unidos.
A legislação russa prevê o seu uso em apenas quatro oportunidades: lançamento de mísseis balísticos contra o território russo ou seus aliados; uso de armas nucleares contra a Rússia ou seus aliados; ataque a locais críticos governamentais ou militares que ameace a sua capacidade nuclear; e agressão contra a Federação russa com uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado está em perigo.