De Lula a rei Charles, líderes mundiais prestam homenagens a Jimmy Carter
Ex-presidente dos EUA morreu aos 100 anos após suspender intervenções médicas contra um câncer de pele que se espalhou para o fígado e o cérebro

Líderes mundiais lamentaram a morte do ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, aos 100 anos, neste domingo, 29. O democrata enfrentava problemas de saúde há anos e suspendeu as intervenções médicas contra um câncer de pele que se espalhou para o fígado e o cérebro em fevereiro de 2023, menos de uma década após ter sido curado de um câncer metastático no cérebro. Ele recebia cuidados paliativos.
O atual presidente americano, Joe Biden, declarou luto nacional para 9 de janeiro, quando Carter será enterrado em um funeral de Estado. Ele descreveu o colega do Partido Democrata como um “líder, estadista e humanitário extraordinário”.
“Para todos os jovens desta nação e para qualquer um em busca do que significa viver uma vida com propósito e significado – a boa vida – estudem Jimmy Carter, um homem de princípios, fé e humildade”, disse Biden em uma declaração.
Por sua vez, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu em sua rede social, a Truth, que Carter “fez tudo ao seu alcance para melhorar a vida de todos os americanos” e que o país tem “uma dívida de gratidão” com o ex-chefe da Casa Branca.
No X, antigo Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu Carter como “amante da democracia e defensor da paz”, relembrando como o antigo líder americano “pressionou a ditadura brasileira pela libertação de presos políticos” na década de 1970. Em particular, o petista destacou a importância do trabalho do democrata fora da Casa Branca, na luta “pela promoção dos direitos humanos, pela paz e pela erradicação de doenças na África e na América Latina”.
“Carter conseguiu a façanha de ter um trabalho como ex-presidente, ao longo de décadas, tão ou mais importante que o seu mandato na Casa Branca”, escreveu Lula. “Criticou ações militares unilaterais de superpotências e o uso de drones assassinos. Trabalhou junto com o Brasil na mediação de conflitos na Venezuela e na ajuda ao Haiti. Criou o Centro Carter, uma referência mundial em democracia, direitos humanos e diálogo. Será lembrado para sempre como um nome que defendeu que a paz é a mais importante condição para o desenvolvimento.”
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também elogiou os feitos de Carter fora do governo dos EUA. Ele afirmou que o ex-presidente “desempenhou um papel fundamental na mediação de conflitos, monitoramento de eleições, promoção da democracia e prevenção e erradicação de doenças”, esforços que o renderam um Nobel da Paz em 2002.
“O presidente Carter será lembrado por sua solidariedade com os vulneráveis, sua graça duradoura e sua fé inabalável no bem comum e em nossa humanidade comum”, disse Guterres.
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Por sua vez, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, apontou que Carter “redefiniu o pós-presidência com um compromisso notável com a justiça social e os direitos humanos em casa e no exterior” e que será lembrado por “décadas de serviço público altruísta”. O rei Charles uniu-se aos elogios e descreveu o democrata como “um servidor público comprometido”, cuja “dedicação e humildade serviram de inspiração para muitos”.
No mesmo tom, o presidente da França, Emmanuel Macron, frisou que “ao longo de sua vida, Jimmy Carter tem sido um firme defensor dos direitos dos mais vulneráveis e tem lutado incansavelmente pela paz” e expressou condolências à família do político e ao povo americano. Na Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky disse que embora tenha servido “numa época em que a Ucrânia ainda não era independente”, Carter apoiava o país na sua “luta contínua pela liberdade”.
“Ele dedicou sua vida a promover a paz no mundo e defender os direitos humanos. Hoje, vamos lembrar: a paz importa, e o mundo deve permanecer unido para se posicionar contra aqueles que ameaçam esses valores”, acrescentou o líder ucraniano.
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O presidente egípcio, Abdel Fattah Al-Sisi, declarou que o “papel significativo de Carter na obtenção do acordo de paz entre Egito e Israel permanecerá gravado nos anais da história, e seu trabalho humanitário exemplifica um elevado padrão de amor, paz e fraternidade”, ao passo que presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que o governo de Carter foi “marcado por tempos difíceis e foi crucial para o Panamá na negociação e assinatura dos Tratados Torrijos-Carter em 1977”, responsáveis por tornar o país soberano.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que “o legado de Jimmy Carter é de compaixão, gentileza, empatia e trabalho duro”, enquanto o premiê da Austrália, Anthony Albanese, afirmou que “além de ser eleito para a Presidência ou receber o Prêmio Nobel da Paz, o legado de Jimmy Carter é melhor medido em vidas transformadas, salvas e elevadas”.