Em 1976, Um Estranho no Ninho, filme de Milos Forman, quebrou a banca na cerimônia de entrega do Oscar. Levou as estatuetas de melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor ator (Jack Nicholson) e melhor atriz (Louise Fletcher). O personagem de Nicholson, o prisioneiro que se faz de louco a ponto de ser transferido para um hospício, foi desde então celebrado como uma das grandes figuras da história do cinema — talvez um tanto sem sutileza, atrelado ao olhar permanentemente assustador do intérprete. A enfermeira Ratched, levada à tela por Fletcher, contudo, é delicadamente tenebrosa — impõe a tirania com alguma doçura, entre o desconforto e a atração. O Instituto Americano de Cinema nomeou Ratched como a quinta vilã mais destacada de todos os tempos, atrás de personagens como a Bruxa Má do Oeste de O Mágico de Oz.
Para reforçar a aura em torno de sua poderosa interpretação, ao subir no palco para receber a máxima premiação, Fletcher agradeceu em língua de sinais, aprendida com seus pais, surdos-mudos. “Eles me ensinaram a alimentar um sonho, que se fez realidade”, disse ela. A atriz morreu em 23 de setembro, aos 88 anos, em Montdurausse, na França, de causas não reveladas pela família.
O inventor do erotismo suave
Foi um escândalo na época — embora aos olhos de hoje pudesse soar como conto de fadas. Em 1974, o filme Emmanuelle produziu imenso barulho ao ser censurado na França. Depois de liberado, transformou-se em um blockbuster, a ponto de ter ficado treze anos em cartaz em um cinema de Paris. O longa conta a história de uma jovem recém-casada e suas aventuras eróticas na Ásia. A atriz holandesa Sylvia Kristel, a protagonista, viraria estrela internacional. Ao diretor Just Jaeckin, que tinha pouco mais de 30 anos, restou um rótulo: criador de obras com muito sexo e pouca imaginação. Depois de Emmanuelle, ele dirigiria outros dois clássicos da pornografia sutil, A História de O e O Amante de Lady Chatterley. Jaeckin morreu em 6 de setembro, aos 82 anos, em Saint-Malo, na França, de câncer — mas a informação só veio a público semanas depois.
Ao infinito e além
O astrônomo americano Maarten Schmidt identificou e descreveu, em 1963, o primeiro quasar de que se tem notícia — um objeto pequeno e intensamente brilhante a vários bilhões de ano-luz de distância da Terra. A revista Time, em reportagem de capa, chegou a compará-lo a Galileu Galilei. A estrondosa revelação, envolta em enigma — de onde viemos —, inaugurou uma nova era de estudos sobre o universo e a nossa galáxia. Schmidt morreu em 17 de setembro, aos 92 anos, em Fresno, na Califórnia, de causas não reveladas.
Publicado em VEJA de 5 de outubro de 2022, edição nº 2809