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Cuba: ‘Seria intolerante romper relações com o Brasil’

Ministro Rodrigo Malmierca espera manter os profissionais do 'Mais Médicos' no país durante governo de Bolsonaro

Por Da Redação
Atualizado em 31 out 2018, 19h15 - Publicado em 31 out 2018, 18h21
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  • O governo de Cuba está disposto a manter relações com a administração de extrema direita de Jair Bolsonaro, que assumirá a presidência do Brasil em 1º de janeiro de 2019, afirmou o ministro do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro cubano, Rodrigo Malmierca, nesta quarta-feira (31).

    “Não temos problemas em nos relacionarmos com aqueles que pensam de forma diferente de nós. Isso seria intolerante”, declarou Malmierca à imprensa ao final de sua participação na Feira Internacional de Havana.

    O Brasil é um importante fornecedor de alimentos para Cuba e contrata seus profissionais da saúde para o programa federal Mais Médicos desde a gestão de Dilma Rousseff (2011-2016). Em campanha e depois de eleito, Bolsonaro admitiu que não manterá essa “importação” de médicos cubanos, em especial porque a remuneração deles corresponde a um porcentual do total desembolsado pelo governo brasileiro.

    O programa de serviços médicos tornou-se uma importante fonte de receita para Havana que, em nível mundial, recolhe 11 bilhões de dólares com a iniciativa.

    “Não temos dificuldade em manter esses programas. Este programa é realizado por meio  da Organização Pan-Americana de Saúde. Não é um programa bilateral. Não há dificuldades de nossa parte. Não temos medo”, acrescentou Malmierca.

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    Bolsonaro, porém, igualmente tem expressado sua intenção de se distanciar de governos de esquerda da região. O ministro cubano explicou que, apesar do embargo imposto por Washington contra a ilha, seu país “mantém relações com todas as nações do hemisfério, inclusive com os Estados Unidos”.

    “Nós não vemos nenhum problema. O que vai acontecer? Tem que perguntar a Bolsonaro”, disse Malmierca.

    Há poucos dias, uma missão brasileira esteve em Cuba para tratar do atraso no pagamento da dívida acumulada pela  ilha com o país que, no final de 2018, chegará a 100 milhões de dólares. Segundo a diplomacia brasileira, Havana pediu para reprogramar os pagamentos de suas cotas de 2018 e 2019, dada a redução acentuada de seu orçamento.

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    Esta dívida corresponde, em boa parte, ao financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a modernização do porto de Mariel e a importação de alimentos.

    Na segunda-feira (29), Malmierca assegurou que Cuba cumprirá suas obrigações, apesar das situações conjunturais, como o bloqueio dos Estados Unidos e as chuvas e secas que atingiram suas plantações.

    Ao contrário do venezuelano Nicolás Maduro, Miguel Díaz-Canel, novo presidente de Cuba, não fez nenhuma declaração pública sobre a vitória eleitoral de Bolsonaro, nem mesmo pelo Twitter. O ditador da Venezuela divulgou comunicado no qual parabenizou o candidato do PSL e enviou seu recado em favor da retomada do “caminho das relações diplomáticas de respeito, harmonia, progresso e integração regional, pelo bem-estar de nossos povos”.

    (Com AFP)

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