Covid-19: ONU pede auxílio de US$2 trilhões para países em desenvolvimento
As moedas de seis países, incluindo o Brasil, se desvalorizaram em relação ao dólar em mais de 15% no 1º trimestre de 2020, estima a organização
A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um comunicado nesta segunda-feira, 30, em que solicita a criação um fundo de 2,5 trilhões de dólares (12,5 trilhões de reais) para auxiliar os países em desenvolvimento a lidar com os impactos econômicos decorrentes da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). A organização estima que pelo menos seis países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, tiveram suas respectivas moedas desvalorizadas em relação ao dólar em mais de 15% no primeiro trimestre de 2020.
O montante equivale ao pacote aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos para evitar a recessão, auxiliar trabalhadores e empresas afetados pela epidemia e contribuir com os hospitais.
“Com dois terços da população mundial vivendo em países em desenvolvimento (excluindo a China), a ONU está pedindo um pacote de 2,5 trilhões de dólares para esses países”, diz o comunicado.
Dentre as principais medidas sugeridas pela ONU estão a injeção de 1 trilhão de dólares na economia mundial, por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI), e o cancelamento de outro trilhão de dólares em dívidas públicas, sob “supervisão de um orgão independente”. A estatística se baseia em dados apenas do Brasil, da Índia, da Indonésia, das Filipinas, da Coreia do Sul, da África do Sul, da Tailândia e da Turquia.
A organização ainda convocou um “Plano Marshall” — em referência à iniciativa americana destinada a diversos países europeus destruídos após a Segunda Guerra Mundial — voltado à saúde pública. O plano envolveria a destinação de 500 bilhões de dólares para um fundo de auxílio ao desenvolvimento conhecido como Official Development Assistance.
A entidade estima que “a velocidade com que as ondas de choque econômico da pandemia atingiram os países em desenvolvimento é dramática, mesmo em comparação com a crise financeira global de 2008”.
De acordo com um relatório da ONU também publicado nesta segunda, a saída de capitais de países em desenvolvimento entre 21 de fevereiro e 20 de março chegou a quase 60 bilhões de dólares — mais do que duas vezes superior aos 27 bilhões de dólares perdidos em 2008 após o pedido de falência do banco americano Lehman Brothers, que detonou a maior crise financeira mundial
Além da saída de capital, a ONU calcula que as moedas de seis países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, se desvalorizaram em relação ao dólar em mais de 15% no primeiro trimestre de 2020. Outros nove nações viram seu dinheiro se depreciar em relação à moeda americana em pelo menos 5% no mesmo período. Em reunião na semana passada, o grupo das 20 maiores economias do mundo (G20) concordou em apoiar um esforço financeiro multilateral para evitar a piora do cenário econômico decorrente da epidemia.