Cortes de energia sem precedentes atingem nordeste da China
Escassez de carvão e metas do governo de redução do consumo de energia são principais causas de apagões, que deixaram milhões de pessoas sem luz

Milhões de casas e algumas fábricas ficaram sem energia elétrica nas províncias de Jilin, Liaoning e Heilongjiang, no nordeste da China, e há risco de interrupção do abastecimento de água em Jilin. Segundo a empresa responsável, pode haver um corte do recurso a qualquer momento.
Em Liaoning, vinte e três trabalhadores foram levados a um hospital por envenenamento por monóxido de carbono quando ventiladores pararam de funcionar por causa do apagão.
O motivo dos apagões teria sido o racionamento de energia durante o horário de pico. A medida começou na última quinta-feira e não teve aviso prévio do governo. De acordo com o tabloide do Partido Comunista Chinês, a economia de energia é devido a escassez de carvão.
Quase 60% da economia chinesa é movida a carvão, que sofre com a diminuição do abastecimento por causa da pandemia e do conflito comercial com a Austrália. A falta de carvão, o endurecimento dos padrões de emissão de gases causadores do efeito estufa e a forte demanda da indústria levaram os preços do carvão a níveis recordes na China.
As restrições também podem estar acontecendo pelo desejo das autoridades chinesas de cumprir as metas provinciais de redução do consumo de energia, uma vez que que a China pretende atingir a neutralidade de carbono até 2060.
Além da falta de luz, semáforos foram desligados e a cobertura de telefonia móvel 3G foi cortada em algumas áreas, o que gerou indignação de parte da população.
Fornecedoras da Apple, Tesla e outras indústrias também foram afetadas com o blecaute, e tiverem que interromper suas atividades. A Unimicron Technology, da Apple, disse que fábricas em duas regiões foram instruídas a parar a produção do meio-dia de domingo até quinta-feira, em documentos arquivados na bolsa de valores de Taiwan na segunda-feira.
O grupo Goldman Sachs disse em nota que até 44% da atividade industrial da China foram afetados pela falta de energia, e estimou que pode causar uma queda de 1 ponto percentual no crescimento atualizado do PIB no terceiro trimestre, e uma queda de 2 pontos percentuais em outubro a dezembro. Ainda cortou a previsão de crescimento do PIB da China em 2021 de 8,2% para 7,8%.
O Conselho de Eletricidade da China, que representa os fornecedores de energia do país, também falou em uma nota, nesta segunda-feira, que as empresas de energia movidas a carvão estão agora “expandindo seus canais de aquisição a qualquer custo” para garantir o aquecimento no inverno e o fornecimento de eletricidade. Membros da indústria afirmam que “a capacidade de fornecimento de energia da China é até agora adequada para atender à demanda e que a China não tem uma crise de energia”.