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Coronavírus: Vendas de vodca e uísque disparam na Rússia

Fenômeno pode estar ligado ao estresse, feriados longos, temor de escassez e superstições, segundo entidade de combate ao alcoolismo no país

Por Da Redação
9 abr 2020, 15h51

Em quarentena até o dia 30 de abril devido à pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, os russos foram aos mercados nas últimas semanas para renovar o estoque de alimentos. No entanto, a comida não foi o único item presente nos carrinhos de compras. Segundo levantamento da consultoria Nielsen, especialista em análise de mercado, as vendas de bebidas alcoólicas dispararam no país.

Segundo a pesquisa, a última semana de março registrou um aumento de 31% em comparação ao mesmo período do ano passado na venda de vodca, e as compras de uísque e cerveja subiram 47% e 25% respectivamente.

A Magnit, uma das maiores redes varejistas de alimentos russa, informou que percebeu um crescimento de dois dígitos nas vendas de bebidas alcoólicas desde que os isolamentos parciais foram adotados no país. Já outras redes varejistas, como a Lenta e O’Key, disseram que estas vendas aumentaram em um terço.

“As pessoas estão agarrando tudo que podem – vodca, conhaque e cerveja”, disse um funcionário de um supermercado de preços populares da região de Moscou que estava repondo vodca nas prateleiras. “As pessoas compram principalmente o que for mais barato.”

Sultan Khamzaev, chefe da Rússia Sóbria, entidade que defende a redução do consumo de bebidas alcoólicas no país, disse que a disparada nas vendas foi provocada por feriados longos, estresse, temores de falta de bebida e uma crença existente entre muitos russos de que o álcool oferece alguma proteção contra o novo coronavírus.

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Não é de agora que o consumo pesado de bebidas alcoólicas é considerado um risco de saúde sério na Rússia, especialmente entre os homens. Na década de 1990, o consumo médio de bebida alcoólica na Rússia era de 12 litros por pessoa ao ano. Mas, com a chegada de Vladimir Putin ao poder no início do século XXI, o governo russo começou a agir – baniu propagandas, investiu nos esportes e aumentou os preços para o consumidor final, para diminuir esse índice.

Os resultados vieram. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 2019, mostrou que o consumo de bebidas alcoólicas diminuiu em 43% entre 2003 e 2016. “A Rússia não é mais considerada uma nação que abusa do consumo de álcool”, afirmou o relatório.

Além do decreto que instaurou a quarentena, muitas empresas russas pediram aos funcionários para trabalharem em casa, algumas os orientaram a tirar licenças não remuneradas e outras reduziram salários ou demitiram pessoas. Os moscovitas só têm permissão de sair de casa para comprar alimentos ou remédios, receber atendimento médico urgente, levar o cachorro para passear ou tirar o lixo de casa.

Mas, apesar de o governo ter instaurado a quarentena quando o total de casos estava abaixo dos 1.000, a doença se espalhou rapidamente pelo país. Nesta quinta são contabilizados 10.131 infectados e 76 mortes pelo vírus. No mundo, a cifra de pacientes passou de um milhão e meio de pessoas, enquanto as mortes se aproximam das 100.000.

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