Coreia do Sul remove alto-falantes com propaganda anti-norte-coreana das fronteiras

A Coreia do Sul começou a remover, nesta segunda-feira, 4, os alto-falantes que emitem propaganda contra o regime norte-coreano instalados ao longo de suas fronteiras. A iniciativa do novo presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, busca aliviar as tensões e retomar o diálogo com Pyongyang.

Segundo comunicado do Ministério da Defesa de Seul, a desmontagem dos alto-falantes  foi uma “medida prática que pode ajudar a aliviar as tensões entre as Coreias sem afetar a postura de prontidão militar”. Lee Kyung-ho, porta-voz da pasta, não especificou se os aparelhos poderiam ser reinstalados novamente caso a rixa volte a esquentar, e ele afirmou que não houve discussões entre os dois exércitos antes da decisão.

A Coreia do Norte, extremamente sensível a qualquer crítica externa à sua liderança autoritária e ao seu governante, Kim Jong-un, não se pronunciou sobre a medida.

Aposta no diálogo difícil

Logo após a posse de Lee em junho, seu governo desativou as transmissões de propaganda que criticavam o regime norte-coreano, buscando retomar o diálogo com o vizinho que estagnou durante o governo de seu antecessor.

Pyongyang – que reagiu com fúria às políticas linha-dura do ex-presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, alvo de impeachment e preso por tentar dar um golpe por meio da imposição de lei marcial – rejeitou propostas recentes e afirmou não ter interesse em dialogar com a Coreia do Sul.

Kim Yo Jong, a influente irmã de Kim Jong-un, afirmou na semana passada que a “confiança cega” dos sul-coreanos em sua aliança com os Estados Unidos e sua hostilidade em relação à Coreia do Norte significam que o governo e Lee não é diferente do de Yoon. A declaração sugeriu que Pyongyang, agora preocupada em expandir sua aliança com a Rússia em meio à guerra na Ucrânia, não sente urgência em retomar a diplomacia com Seul e Washington.

Alto-falantes

A Coreia do Sul retomou as transmissões de propaganda anti-Coreia do Norte por alto-falantes em junho de 2024, após Pyongyang lançar quase 1.000 balões cheios de lixo através da fronteira em poucas semanas. As transmissões “enviam mensagens de luz e esperança aos militares e cidadãos norte-coreanos”, afirmou Seul na época.

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Os aparelhos empilhados na fronteira reproduziam conteúdos diversos, como notícias do mundo, informações sobre a sociedade democrática e capitalista e músicas K-pop (gênero que nasceu na Coreia do Sul e tornou-se fenômeno no mundo inteiro). Acredita-se que o som viajasse mais de 20 km até a Coreia do Norte.

A campanha psicológica, ao estilo da Guerra Fria, intensificou ainda mais as tensões já inflamadas pelo avanço do programa nuclear norte-coreano e pelos esforços de Seul para expandir a cooperação militar com os Estados Unidos e o Japão. A península coreana permanece tecnicamente em guerra após um conflito no início dos anos 195o terminar apenas com um armistício, e as relações entre os países se deterioraram nos últimos anos.

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