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Coreia do Norte recua e suspende planos de ação militar na fronteira

Analistas afirmam que Pyongyang tentava provocar uma crise artificial com suas ameaças, para obter concessões e o relaxamento das sanções internacionais

Por Da Redação
Atualizado em 24 jun 2020, 09h41 - Publicado em 24 jun 2020, 09h17

A Coreia do Norte suspendeu seus planos de realizar “ações militares” na fronteira com a Coreia do Sul durante uma reunião da liderança militar do regime encabeçado por Kim Jong-un. Com esta decisão, anunciada pela imprensa estatal norte-coreana, o regime diminuiu o tom da tensão provocada após ameaçar, na semana passada, voltar a enviar tropas para a fronteira desmilitarizada entre as duas Coreias e reiniciar “todos os tipos de exercícios militares”.

A liderança militar norte-coreana “avaliou a situação atual e suspendeu os planos de ação militar contra o sul”, disse a agência estatal de notícias KCNA. A reunião, realizada na terça-feira 23, foi presidida por Kim, que ocupa o cargo de presidente do Partido dos Trabalhadores e da comissão militar central, e serviu como preparação para a quinta reunião desse órgão, a ser realizada em data não especificada.

A Coreia do Norte havia endurecido o tom em relação ao país vizinho na semana passada devido ao envio, a seu território, de balões com panfletos de propaganda contra o regime por parte de ativistas sul-coreanos.

Como retaliação, o regime destruiu o escritório de comunicação intercoreano no dia 15 e rejeitou qualquer diálogo com a Coreia do Sul, além de ter anunciado que iria remilitarizar os postos de fronteira que ficaram sem tropas sob o pacto assinado entre os dois países em 2018. A Coreia do Norte também anunciou que estava se preparando para enviar ao território vizinho 12 milhões de panfletos contendo propaganda contra o governo da Coreia do Sul.

Embora esses envios de material de propaganda violem tecnicamente o pacto bilateral de 2018, analistas políticos acreditam que Pyongyang usa um tom belicoso para pressionar pelo retorno das negociações sobre a flexibilização das sanções das quais é alvo, depois de não conseguir isso na fracassada cúpula de 2019 com o governo dos Estados Unidos.

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As decisões aparentemente conciliatórias de Pyongyang são incomuns e acontecem depois que analistas afirmaram que o Norte tentava provocar uma crise artificial para obter concessões. O ministério da Unificação do Sul informou que estava analisando “cuidadosamente” a informação da KCNA.

Para Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha em Seul, “de nenhuma maneira” acabaram as ameaças à Coreia do Sul. Desde o início de junho, Kim Yo-jong – irmã mais nova de Kim Jong-un e considerada sua potencial sucessora – se tornou o rosto da política agressiva de Pyongyang em relação a Seul.

Militares da Coreia do Norte foram vistos colocando alto-falantes perto da zona desmilitarizada, disse uma fonte militar nesta terça-feira. Tais sistemas foram desativados depois que as duas Coreias assinaram um acordo em 2018 para cessar “todos os atos hostis”.

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(Com EFE, Reuters e AFP)

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