Coreia do Norte concorda em enviar delegação aos Jogos de Inverno
Reunião com a Coreia do Sul também tratou da redução das sanções contra o regime de Kim Jong-un e da reunião das famílias separadas pela guerra
A Coreia do Norte confirmou, durante uma reunião com Seul nesta terça-feira, que vai enviar uma delegação à Olimpíada de Inverno de Pyeongchang no próximo mês.
A decisão foi o resultado do encontro diplomático entre os dois países, iniciado nesta terça-feira no vilarejo de Panmunjom, na área desmilitarizada da fronteira. É a primeira vez em dois anos que representantes dos dois países dialogam oficialmente.
A delegação da Coreia do Norte para Pyeongchang vai incluir atletas, dirigentes, torcedores e jornalistas, segundo o vice-ministro da Unificação sul-coreano, Chun Hae-sung. A Coreia do Sul propôs ainda que os atletas dos dois países entrem juntos nas cerimônias de abertura e encerramento dos jogos.
Os patinadores artísticos Ryom Tae-ok e Kim Ju-ik são os dois únicos atletas norte-coreanos classificados para os Jogos, embora o Comitê Olímpico Internacional (COI) tenha dito que outros poderiam competir por meio de convite, desde que o regime permita a viagem deles.
Durante a reunião, os sul-coreanos declararam também estar preparados para suspender temporariamente algumas sanções a fim de facilitar a participação norte-coreana na Olimpíada, se necessário.
A participação da Coreia do Norte nos Jogos poderia rebaixar a tensão regional após um ano de 2017 marcado pelos seguidos testes de armas norte-coreanas e pelas trocas de ameaças entre o regime de Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Reunião de famílias
O vice-ministro sul-coreano informou também que foi proposta a retomada da prática de reunião temporária das famílias separadas pela guerra entre os países – o conflito terminou formalmente em 1953, mas como até hoje não houve um acordo de paz, ele é considerado suspenso. A Coreia do Norte, contudo, não se pronunciou sobre o tema.
Abertura de linhas de comunicação
Os norte-coreanos também confirmaram a reabertura de mais uma linha de comunicação militar. Trata-se da linha na região em torno do Mar Amarelo (chamado de Mar do Oeste nas duas Coreias) e que, da mesma forma que as demais vias de comunicação entre os dois países, permanecia inutilizada havia quase dois anos por decisão do Norte.
O Exército norte-coreano começará a utilizar de novo a conexão telefônica na quarta-feira, segundo explicou a delegação do Norte à sua contraparte do Sul.
O regime de Pyongyang decidiu deixar de utilizar essa e outras linhas de comunicação com o Sul em protesto pelo fechamento do complexo intercoreano de Kaesong, implementado por Seul como castigo pelo desenvolvimento armamentista do Norte. A linha recém-reativada servia, entre outras coisas, para que ambos exércitos notificassem movimentos de pessoas e mercadorias em torno de Kaesong.
Na semana passada, os norte-coreanos já haviam reaberto a linha telefônica na aldeia de Panmunjom, na fronteira intercoreana, depois que Kim Jong-un expressou em sua mensagem de ano-novo seu desejo de melhorar laços com o Sul.
(Com Estadão Conteúdo, EFE e Reuters)