COP27: ‘Estamos na estrada para o inferno climático’, diz chefe da ONU
Para António Guterres, o mundo está perdendo a luta contra a crise climática, colocando milhões de vidas em risco
![SHARM EL SHEIKH, EGYPT - NOVEMBER 07: United Nations Secretary-General Antonio Guterres speaks during the Sharm El-Sheikh Climate Implementation Summit (SCIS) of the UNFCCC COP27 climate conference on November 07, 2022 in Sharm El Sheikh, Egypt. The conference is bringing together political leaders and representatives from 190 countries to discuss climate-related topics including climate change adaptation, climate finance, decarbonisation, agriculture and biodiversity. The conference is running from November 6-18. (Photo by Sean Gallup/Getty Images)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/11/GettyImages-1439721335.jpg?quality=90&strip=info&w=1024&h=683&crop=1)
Enquanto presidentes e primeiros-ministros de todo o mundo se reúnem nesta segunda-feira, 7, para dizer ao mundo o que estão fazendo para combater o aquecimento global, o secretário-geral das Nações Unidas deu mais uma de suas declarações apocalípticas sobre a crise climática: “Estamos em uma estrada para o inferno climático, com o pé no acelerador”.
António Guterres deu o tom para as negociações climáticas da COP27, lideradas pelas Nações Unidas, que começaram oficialmente no domingo 6. Segundo ele, os riscos acumulados de guerra na Ucrânia, mudanças climáticas e crise econômica afetam todos os continentes, mas atingem de forma mais dura as pessoas vulneráveis.
“Estamos na luta de nossas vidas e estamos perdendo”, disse Guterres em discurso de abertura na cúpula no Egito.
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As negociações começaram sob a sombra de novos dados sombrios: a Organização Meteorológica Mundial disse no domingo que os últimos oito anos foram, provavelmente, os mais quentes já registrados na história – incluindo todos os anos desde que os países se uniram em 2015 para criar o histórico Acordo de Paris. O objetivo era desviar a economia global dos combustíveis fósseis e desacelerar o aquecimento global.
O maior tema das negociações deste ano é a reparação que países ricos e industrializados (que respondem pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa) devem às nações que sofrem o maior impacto das mudanças climáticas.
Em seu discurso de abertura, o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, pediu aos líderes mundiais que ajam com urgência para implementar seus compromissos.
“Não há tempo para retroceder. Não há espaço para hesitações”, disse. “Para o bem das gerações futuras, aqui e agora estamos diante de um momento histórico único, uma última chance de cumprir nossas responsabilidades.”
O evento é a 27ª sessão da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas, razão pela qual é conhecido como COP27. Mais de 44.000 pessoas se inscreveram para participar, incluindo representantes do governo, empresas e grupos da sociedade civil.
As negociações acontecem no final de um ano que viu ondas de calor extraordinárias no hemisfério norte, inundações catastróficas no Paquistão e na Nigéria e uma seca sem precedentes na China.
De acordo com uma lista divulgada pelas Nações Unidas, 110 chefes de estado e de governo devem discursar na conferência, um número maior do que em muitas conferências climáticas anteriores.
No caso do Brasil, entre as propostas a serem apresentadas está de se lançar como fonte de energia renovável, oferecendo o país como nação preferencial para investimentos internacionais pelas condições que possui de produzir energia de forma verde e sustentável.
“Uma vez que o Brasil consiga se posicionar de forma adequada em eventos climáticos globais, há uma oportunidade única de se tornar potência global em energia sustentável, bioeconomia e no mercado de carbono”, explica a advogada Helena Matos, especialista de relações Institucionais e Governamentais do escritório Di Blasi, Parente & Associados. “São três frentes distintas e interconectadas de produtividade e oportunidades para o país e para inciativa privada, tanto em termos de credibilidade internacional como em termos de desenvolvimento privado da indústria nacional.”