A Suprema Corte de Justiça da Venezuela, controlada pelo regime chavista, ratificou nesta segunda-feira, 23, um mandado de prisão contra o presidente da Argentina, Javier Milei, a sua irmã e secretária-geral, Karina Elizabeth Milei, e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich. As acusações incluem os crimes de “roubo agravado, lavagem de dinheiro, privação ilícita de liberdade, simulação de ato punível, interferência ilícita, inutilização de aeronave e associação criminosa”.
O pedido foi feito pelo Ministério Público, controlado pelo procurador-geral chavista Tarek William Saab, na semana passada. O caso faz referência à retenção de um Boeing 747 da estatal venezuelana Emtrasur em junho de 2022, durante a presidência de Alberto Fernández, em Córdoba, na Argentina. A aeronave levava peças automotivas do México.
Na ocasião, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos pediu o confisco do avião por suspeitar de que ele era usado para conduzir operações secretas para as Forças Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã, o que culminou na prisão dos 19 tripulantes venezuelanos e iranianos a bordo. Eles foram liberados, mas a aeronave permaneceu na Argentina, enquanto aguardava o veredito da Justiça do país.
A história teve novos capítulos em fevereiro deste ano, agora sob o governo de Milei, quando o avião foi, de fato, confiscado pelos EUA. A situação atraiu a ira do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, crítico ferrenho do líder argentino.
Além do caso da Emtrasur, o Ministério Público de Caracas nomeou um “procurador especializado na proteção dos direitos humanos para realizar as investigações correspondentes” contra Milei e Bullrich por “ações cometidas contra o povo argentino”, criticando “ataques” contra a população durante manifestações anti-governo na Argentina.
Em resposta, Buenos Aires afirmou que não se importa “nada” com as “bobagens” do governo “ditatorial” da Venezuela. “É tudo ridículo. Uma ditadura não precisa compreender a divisão de poderes, mas a decisão do avião é uma decisão judicial da Argentina e não do presidente do país”, contestou o o porta-voz presidencial, Manuel Adorni.
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Milei x Maduro
A Argentina está entre os países que não aceitou o triunfo de Maduro nas eleições de julho e reconheceu Edmundo González Urrutia, candidato que a oposição diz ter vencido pleito, como presidente eleito. O país seguiu os passos dos Estados Unidos, sendo acompanhado por Uruguai, Equador e Costa Rica.
Ainda em julho, o governo venezuelano expulsou a equipe diplomática dos países membros do Grupo de Lima – Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai – depois que a comunidade internacional questionou a reeleição de Maduro. Instaurou-se uma crise diplomática, e a Embaixada argentina passou para a custódia brasileira.