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“Conte conosco”, diz Bolsonaro a Juan Guaidó

Autoproclamado presidente da Venezuela disse que o encontro desta quinta no Planalto marca um "novo começo" na relação do Brasil com seu país

Por Da redação
Atualizado em 28 fev 2019, 16h16 - Publicado em 28 fev 2019, 15h11

Em entrevista coletiva após encontro no Palácio do Planalto nesta quinta-feira, 28, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ao autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que o Brasil não poupará esforços para restabelecer a democracia no país vizinho, mas frisou que tudo se dará respeitando a Constituição e com convocação a “eleições livres e confiáveis”.

“Nós não pouparemos esforços dentro da legalidade, da Constituição e de nossas tradições para que a democracia seja restabelecida na Venezuela”, afirmou Bolsonaro. “E todos nós sabemos que isso será possível através, não apenas de eleições, mas de eleições limpas e confiáveis”, completou.

Bolsonaro disse ainda que Guaidó, reconhecido como presidente em exercício da Venezuela pelo Brasil e outros 50 países, é “uma esperança” no processo de recuperação da democracia. “Conte conosco. Deus é brasileiro e venezuelano”, completou ao final de seu pronunciamento.

Guaidó agradeceu a “determinação do Brasil em defender valores fundamentais como democracia e liberdade e também em olhar para o futuro” do nosso país. Também disse que o encontro desta quinta no Planalto-feira marca um “novo começo” na relação entre Brasil e Venezuela.

Quando perguntado se não temia por sua vida ao voltar à Venezuela, reconheceu que existe um risco, mas garantiu que não deseja deixar o medo paralisá-lo.

“É claro que é há um risco, inclusive de vida, no exercício da política na Venezuela, mas também temos um dever”, afirmou. “Entregamos nossa vida ao serviço de um país. Quero estar com nossa gente”.

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De acordo com Gauidó, há hoje 300.000 pessoas em risco de vida na Venezuela. Esses venezuelanos, segundo ele, não puderam nem contar com a entrega da ajuda humanitária internacional ao país, que foi bloqueada pelo regime de Maduro que fechou as fronteiras com a Colômbia e com o Brasil, por onde passariam os caminhões com as doações. 

“Na Venezuela existe um dilema entre democracia e ditadura, entre miséria e morte de nossa gente por fome e a prosperidade”, afirmou, garantindo que pretende voltar a Caracas até segunda-feira, 4, apesar das ameaças de Nicolás Maduro.

Jair Bolsonaro e Juan Guaidó
Jair Bolsonaro e Juan Guaidó se reúnem em Brasília (DF) – 28/02/2019 (Marcos Corrêa/PR)

“Para o país voltar a crescer, é preciso resgatar a democracia e os direitos humanos. Há uma emergência humanitária na Venezuela”, disse. “Não se pode viver em paz quando nos tiram indígenas e nos perseguem”.

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Guaidó afirmou ainda que a Venezuela quer recuperar o intercâmbio comercial com o Brasil, o desenvolvimento da Amazônia e o respeito aos indígenas.

Críticas a governos anteriores

Jair Bolsonaro também aproveitou seu discurso para criticar os governos brasileiros anteriores. “Faço a mea culpa aqui porque dois ex-presidentes do Brasil tiveram parte ou foram em parte responsáveis pelo que vem acontecendo na Venezuela hoje em dia”, afirmou. 

“E às vezes a gente se pergunta, como pode um país rico, próspero, e com um povo maravilhoso também, conseguir chegar a essa situação caótica que chegou. A democracia e a liberdade têm que ser tratadas com muito carinho e ser vigiadas.”

O presidente também voltou a criticar a ideologia do regime de Nicolás Maduro.

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“O Brasil, ouso dizer, estava em um caminho semelhante. Graças a Deus, o povo aqui acordou e em parte se mirou no que acontecia negativamente em seu país e resolveram dar um ponto final no populismo, na demagogia barata que leva exatamente a situação em que seu país se encontra”, disse. 

Roteiro no Brasil

Guaidó também se reuniu nesta quinta com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no Palácio do Itamaraty.

Guaidó ainda deve se encontrar nesta quinta com o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

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O venezuelano chegou esta madrugada em Brasília em um voo da Força Aérea da Colômbia. Ele já se reuniu com diplomatas dos países da União Europeia (UE), na representação do bloco em Brasília, a Casa da União Europeia, pela manhã. 

O líder opositor também participou de almoço na residência de embaixador do Canadá, em Brasília. 

Guaidó deve deixar o Brasil na sexta-feira, 1. O presidente do Paraguai, Mario Abdo, afirmou a pouco no Twitter que o venezuelano deve será recebido amanhã em Assunção. 

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Muito se discute se Guaidó conseguirá retornar ao seu país, já que Maduro ordenou o fechamento das fronteiras da Venezuela com a Colômbia e com o Brasil. Além disso, o chavista já afirmou que seu opositor responderá na Justiça assim que chegar em Caracas. 

Guaidó é investigado pelo procurador-geral chavista Tarek William Saab por suas ações contra “a paz, a economia e o patrimônio” da Venezuela. Como parte do processo, ele foi submetido a medidas cautelares, entre elas a proibição de deixar o país.

“Ele não pode simplesmente ir e vir. Ele terá que enfrentar a Justiça e a Justiça o proibiu de deixar o país”, afirmou Maduro na segunda. 

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