Conheça games que provocam reflexão sobre os horrores da guerra
Com objetivo de repensar impactos sociais e psicológicos, alguns são até mesmo recomendados por governos, como o caso de 'This War of Mine' na Polônia

A invasão da Ucrânia pela Rússia está provocando efeitos não só na política internacional, mas também na cultura pop. A eclosão da guerra despertou o interesse dos gamers ao redor do mundo sobre jogos eletrônicos que fogem do padrão belicista de franquias como “Counter-Strike” e “Call of Duty”.
Em vez de estimularem ações violentas, uma leva recente de games de guerra promete repensar os impactos sociais e psicológicos causados em civis e militares. Um exemplo é “The Point of No Return”, que tem como cenário a região separatista do Donbas, um dos centros do embate entre Ucrânia e Rússia.

Desenvolvido pelo programador ucraniano Alexey Furman, o jogo tem como objetivo mostrar os danos que uma guerra pode trazer à sociedade, sob o ponto de vista de um soldado que sofre lesões físicas e traumas causados pelo conflito.
“Eu quis construir uma ponte entre os veteranos de guerra e as pessoas que querem saber como a guerra é de verdade, mas nunca estiveram lá, sob ameaças constantes de tiros e morteiros”, disse o criador do jogo ao portal Eurogamer.
Por sua função educativa, o game ganhou o financiamento da Fundação Cultural Ucraniana, agência estatal criada com o objetivo de promover a cultura e a arte no país.
Outro caso que ganhou a atenção de autoridades governamentais foi “This War of Mine”. Recomendado pelo Ministério da Educação da Polônia, o game foi incluído na lista de atividades do ensino médio do país em 2020. Foi a primeira vez que um jogo eletrônico foi integrado à matriz curricular obrigatória de um sistema de ensino.

Aclamado por ilustrar de forma interativa os horrores de um conflito militar pelo ponto de vista dos civis, “This War of Mine” foi inspirado em diversos conflitos armados da história recente, como a Guerra da Bósnia, o cerco de Sarajevo e também a recente anexação da península da Crimeia pela Rússia, em 2014.
Já “Specs Ops: The Line” é mais um exemplo de videogame que trata de questões subjetivas dentro do contexto da guerra. Desenvolvido por um estúdio na Alemanha, o jogo se passa numa Dubai devastada e inclui uma série de comentários a respeito dos efeitos psicológicos que o conflito militar deixa nos indivíduos.

Outro destaque é o jogo “Valiant Hearts: The Great War”, que foi premiado na categoria de “jogo mais crítico” pelo The Game Awards, o “Oscar dos videogames”. Tendo como pano de fundo a Primeira Guerra Mundial, o jogo acompanha personagens que tentam ajudar um jovem soldado alemão a sobreviver. Baseado em histórias reais, os desenvolvedores leram cartas escritas por soldados e viajaram para campos de batalha na França.

A Guerra Fria também foi retratada nessa nova leva de jogos que questionam o sentido da guerra. Desenvolvido pelo estadunidense Lucas Pope, o jogo “Papers, Please” simula a rotina de um fiscal de imigração em uma região inspirada na antiga União Soviética.

No jogo, o jogador se envolve em dilemas morais ao ter o poder de aprovar ou negar a entrada de refugiados em um país e a tarefa de identificar possíveis espiões e terroristas.