Como um diamante polêmico ganhou protagonismo na coroação do rei Charles
Koh-i-Noor é um dos maiores diamantes lapidados do mundo e a sua propriedade é contestada por Índia, Paquistão e até mesmo pelo Talibã
O diamante Koh-i-Noor, conhecido como uma das joias mais polêmicas do mundo, não vai ser usado na coroação do rei Charles III e da rainha consorte Camilla, de acordo com o Palácio de Buckingham. No lugar dele, Camilla vai usar a coroa da rainha Mary, que foi retirada da Torre de Londres e está sendo redimensionada para a cerimônia que acontece no dia 6 de maio.
O Koh-i-Noor é um dos maiores diamantes lapidados do mundo e a sua propriedade é contestada por Índia, Paquistão e até mesmo pelo Talibã. Caso a joia fosse usada, o Palácio de Buckingham temia uma disputa diplomática com a Índia.
Em nota, o palácio desconversou e afirmou que a coroa da rainha Mary será reutilizada por “interesses de sustentabilidade e eficiência”, e que será a primeira vez na história recente que uma coroa já existente será “reciclada”. Em homenagem à falecida rainha Elizabeth II, algumas joias vão ser adicionadas, como os diamantes Cullinan III, IV e V, que eram utilizados pela monarca em broches depois que foram retirados dos diamantes Cullinan, descobertos na África do Sul.
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A Índia se considera a proprietária legítima do Koh-i-Noor, que está longe de ser o diamante mais perfeito do mundo, mas gera muitas polêmicas ao seu redor. A origem da joia envolve mitos e teorias que não foram comprovados até hoje.
Historiadores concordam que o Koh-i-Noor foi tirado da Índia por Nader Shah, um governante iraniano, em 1739. O diamante foi roubado e passou por diversas mãos durante os anos seguintes até ser entregue para um governador-geral britânico em 1849, após a anexação do estado do Punjab ao Império Britânico.
As circunstâncias em que Koh-i-Noor foi entregue para a Companhia das Índias não são claras. Muitos relatos afirmam que foi um presente, mas Anita Anand, uma jornalista da BBC que escreveu um livro sobre o diamante, afirma: “Eu não sei de muitos ‘presentes’ que são entregues na mira de uma baioneta”.
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Em 1850, o príncipe Albert mandou tornar o diamante mais brilhante e ele foi colocado em um broche da rainha Vitória. Desde então, Koh-i-Noor foi incorporado às joias da Coroa britânica.
Se a coroa que a rainha consorte Camilla vai usar é uma mudança nos costumes da Família Real, a do rei Charles III vai seguir a tradição. O monarca vai ser coroado com a coroa de Santo Eduardo, que também foi usada pela sua mãe na cerimônia.
Essa coroa foi feita em 1661 para o rei Charles II como uma substituta para a joia que foi destruída durante a Guerra Civil Inglesa. A peça já está de volta à Torre de Londres depois de ser modificada para se adequar ao novo monarca.